O medo irracional de atravessar pontes ou viadutos (gefirofobia) causa um grande desconforto e pode mesmo exigir um esforço acrescido para procurar caminhos alternativos.
Comecemos pelo princípio: O que é uma fobia? Uma fobia é um medo intenso de algo que, na realidade, representa pouco ou nenhum perigo real. Contudo, essa sensação de medo intenso tem consequências físicas e psicológicas. No caso do medo a travessar pontes o problema pode começar logo ao pensar em atravessar, para outras pessoas, a dificuldade é sobretudo associada ao medo de cair, medo de ter um ataque de pânico e não poder sair do local, medo de cair na água e não sobreviver.
A fobia a pontes pode estar associada a uma experiência traumática anterior ou, ao fato de ter simplesmente aprendido a reagir assim a esta situação.
O Medo de Atravessar a Ponte 25 de Abril
A Ponte 25 de Abril é uma ponte suspensa rodoferroviária sobre o rio Tejo que liga a cidade de Lisboa (margem norte) à cidade de Almada (margem sul), em Portugal. Com 70 metros de altura e 2280 de comprimento, estima-se que em média, num dia normal, existam 140 mil veículos a circular sobre ela, para além do comboio da Fertagus (fonte: Razão Automóvel, 2022).
O medo de atravessar especificamente a ponte 25 de abril é um fenómeno mais comum do que imagina. Muitas pessoas têm apresentado esta sintomatologia, umas vezes associada ao tempo que passaram no transito, outras vezes associada a um primeiro ataque de ansiedade sofrido num outro contexto. Seja como for, o medo está presente. Este medo pode existir durante a condução ou até mesmo no uso do comboio da ponte.
Não há necessariamente um padrão comum nestas pessoas que possamos dizer que esta ou aquela situação foi a causa única. O que posso partilhar convosco é que, dos casos com quem tenho trabalhado nos últimos tempos, a queixa inicial parece ser sempre muito próxima: o medo de ter um ataque de pânico em cima do tabuleiro da ponte e não ter forma de escapar e, por sua vez, tendo já vivido um ataque de pânico num outro contexto que não a ponte, o mesmo possa acontecer nesse preciso momento.
Como se Supera o Medo?
O medo pode ser superado com recurso à terapia cognitivo-comportamental utilizada em complementaridade com a exposição gradual. No processo de terapia, são “desmontadas” as crenças resultantes deste medo e são dadas estratégias de adaptação gradual (estratégias de coping).
É comum recorrer a fotografias e vídeos para ilustrar o contexto fóbico e através dessa exposição, ajudar a pessoa a sentir-se cada vez mais confiante. Pode por vezes parecer um processo demorado, mas tudo depende da capacidade que cada um tem para se colocar “fora” da zona de segurança.
No fundo, não é mais do que uma terapia “passo-a-passo” onde se trabalham crenças e pensamentos irracionais de modo a alterar o comportamento. O medo irracional está presente, as palmas das mãos estão suadas, podem surgir vertigens, sensação de formigueiro/dormência e tremores, náuseas e peito apertado ou sensação de falta de ar. Estes sintomas podem estar ou não associados à condução em cima da ponte.
Também é muito comum a ansiedade antecipatória, neste caso, a pessoa fica com medo mesmo antes de atravessar a ponte, e pode desenvolver um ataque de ansiedade.
A terapia possibilita uma nova perspetiva sobre o medo e crença em torno da ideia de ponte, permitindo assim, desenvolver uma sensação de controlo sobre os pensamentos e sentimentos que por sua vez, permitem atenuar os sintomas.
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Filomena Conceição - Psicóloga 