Quando estamos a tentar tomar uma grande decisão, muitos de nós pensamos (e repensamos) sobre a decisão em si mesma. Se vamos mesmo analisá-la é preciso pensar como é que a decisão vai avançar: será que devemos fazer uma lista com prós e contras, ou fazer uma tabela com pontos fortes e fracos? Fazemos uma pesquisa infinita ou nos “atafulhamos” com dados?
Se é importante pensarmos como devemos fazer essa decisão, é igualmente importante pensar sobre quando a devemos fazer.
Quando pensamos em mudar de emprego ou comprar uma casa, o mês de janeiro parece sempre fazer sentido em primeira instância, ou pelo menos parece ser o tempo certo para tomar essa decisão. Quando regressamos de um período de férias, passamos algum tempo em conversa com quem mais amamos (amigos e familiares) e isso faz-mos pensar sobre as decisões da nossa vida.
Mas será que janeiro é a altura ideal para tomar essa grande decisão?
A resposta depende (sobretudo) do humor.
Muitos de nós sentimo-nos com menos energia no inverno. O tempo frio e chuvoso deixa-nos mais aninhados, para algumas pessoas, isso pode ser extremo, marcado por episódios depressivos nos meses de inverno.
O humor não afeta só o modo como nos sentimos, pode também afetar a capacidade de tomada de decisão. Não queremos dizer com isto que ter um humor depressivo quer automaticamente afirmar que somos piores a tomar decisões.
Recompensa do Risco
Um humor depressivo faz-nos manifestar uma tendência à aversão ao risco. Os investigadores relacionam este aspeto com uma habilidade reduzida na experiência do prazer, significando que uma pessoa deprimida não apresenta o mesmo potencial emocional de resposta a uma possível situação de ganho ou recompensa, do que uma pessoa não deprimida.
As pessoas com humor depressivo são mais conservadoras a tomar alguma decisão de risco do que as que não manifestam tais sintomas. As pessoas que sofrem de um humor depressivo são mais conservadoras na tomada de decisões que envolvam a área financeira, principalmente no inverno, do que pessoas que não apresentam este quadro clínico.
Pelo contrário, as pessoas com ausência de qualquer alteração psicológica e emocional acreditam que estão mais longe de ter algum risco na sua vida, ou de sofrer um evento traumático como um acidente de carro ou aparecimento de cancro. Também existe uma tendência para se pensar que se está em total controlo da situação, quando na verdade, não se está. Como é expectável, uma pessoa depressiva, tem uma visão mais pessimista do mundo e por isso, não cai nesta rede. As pessoas nestas condições, também aprenderam a evitar o risco mais facilmente do que as pessoas não depressivas.
As pessoas otimistas podem ver mais facilmente o seu futuro cor-de-rosa e são melhores a juntar esforços para tornar essas ideias reais. Os grandes otimistas estão associados a carreiras de sucesso, ao estabelecimento de relações positivas e melhor saúde, pois também se empenham para que tal aconteça. Do mesmo ponto de vista, é possível predizer que as pessoas com boa saúde e carreiras de sucesso se tornam, pessoas otimistas em maior grau.
Se está a lutar para a tomada de uma decisão importante, talvez faça sentido, esperar uns dias por um humor mais positivo. Como temos vindo a espelhar neste artigo, o humor depressivo pode interferir com o processo de tomada de decisão, fazendo com que seja mais difícil decidir/definir uma resposta em concreto. As pessoas com um humor cinzento (ou negro) sentem-se mais em conflito e indecisas no que respeita a definir um lado, do que as pessoas não depressivas.
A relação entre o humor e a tomada de decisão não é um processo simples, o que quer dizer que se está a pensar em tomar uma grande decisão, deve pensar que peso essa decisão vai ter na sua vida. Talvez possa ter na sua mente que a melhor altura para tomar uma dessas decisões é quando se sentir com um humor mais positivo, o que normalmente acontece com a chegada do tempo mais quente e os dias de maior luz que nos energizam. Provavelmente ajudará a ter uma decisão mais clara sobre os seus objetivos.
Traduzido e adaptado de The Best Time of Year to Make a Life Decision?
Filomena Conceição - Psicóloga 