Treinar Não Cansa, Mudar Sim! É Como Andar de Bicicleta

Porque é tão difícil dar início a algo novo? Mudar os hábitos é de fato algo difícil de conseguir. Tradicionalmente, acreditamos que mudar o hábito sedentário é algo realmente difícil. Dá muito trabalho, requer tempo, dedicação e resultados a curto-prazo. Ora, é de fato difícil fazer uma conjugação ideal das três varáveis, mas não é de todo impossível.

Como?

Se formos ao cerne da questão, treinar cansa mas o que cansa mais é lutar contra a vontade de parar. Lutar contra a mudança e mudar um hábito pode ser verdadeiramente esgotante.

Somos seres de hábitos e gostamos muito de nos manter na linha. Fazemos em grande parte o mesmo trajeto para o emprego e o mesmo trajeto para casa, frequentamos os mesmos supermercados e visitamos os mesmos locais. Isso dá-nos uma sensação de controlo. E nós gostamos de ter a sensação e controlo do nosso lado. É o mesmo que dizer que a nossa zona de conforto é em regra geral, a nossa casa. Pois é o local onde somos totalmente donos do espaço, dos timings, das regras e por ai adiante.

Quando se trata de uma mudança de hábito é preciso repetir muitas e muitas vezes uma nova aprendizagens, para que o cérebro seja capaz de reter essa informação e consolidá-la na memória. Esta é a teoria mais primitiva, na chegada de um novo estímulo ao cérebro, ele recebe, processa a informação e dá uma resposta. No entanto, essa resposta só é consolidada se repetida inúmeras vezes até o cérebro fazer uma aprendizagem.

O processo de mudança de uma pessoa em termos latos, é exigente pois estamos a falar da mudança de uma estrutura psíquica. É preciso pois, consolidar essa nova aprendizagem. É como se para fazer uma atualização de software, fosse necessário repetir o procedimento até conseguir atingir um alto nível de performance, para garantir que satisfaz as necessidades.

Sabe andar de bicicleta? Se sabe, vai compreender o exemplo:

“É como andar de bicicleta” – Para se aprender a andar de bicicleta foi necessário um conjunto de atualizações, aprender a sentar corretamente, a colocar os pés, a colocar as mãos, a coordenar as mãos com os pés, a estabilizar o suficiente para conseguir algum equilíbrio. Começasse por tentar andar 1 ou 2 metros e depois começasse a alargar a distância até nos sentirmos seguros o suficiente para ter alguma autonomia. Neste processo, certamente vamos cair muitas vezes, vamos ter algum receio em magoarmo-nos, mas aos poucos vamos ganhando mais confiança. Até que, por fim, realizámos todo o nosso processo de atualização e consolidámos a informação no nosso cérebro de todos os pequenos passos necessários para conseguir andar de bicicleta sem cair.

Qual foi a parte mais exigente do processo? Não foi sentar na bicicleta corretamente, nem conseguir criar algum equilíbrio. O processo mais difícil foi conseguir finalmente conjugar todos os fatores necessários (coordenação, força certa, equilíbrio e movimento) para atingir o nosso objetivo – andar de bicicleta sem cair, isto é, o mesmo que consolidar uma informação no nosso cérebro. A informação fica pronta a ser usada quando for necessário.

Foi criada uma nova aprendizagem no nosso cérebro o que provocou uma mudança no nosso comportamento: agora em vez de ir utilizar o automóvel para me deslocar para o trabalho, posso utilizar a bicicleta, por exemplo.

 Esta é a parte em que começa a pensar e a criticar com alguns pensamentos, observando e muito bem, OK mas isso é andar de bicicleta! Como é que eu mudo verdadeiramente algo que queira em mim? O princípio é o mesmo. Para conseguir andar de bicicleta não teve de fazer várias aprendizagens e repeti-las várias vezes para que ficassem bem consolidadas e poder passar ao passo seguinte? Então, pode usar o mesmo princípio para outra coisa que pretenda atingir.

A disciplina e o foco são fundamentais. Se quiser aprender mais sobre a importância do foco leia aqui o meu artigo.