Perdoar pode ser uma Tarefa Difícil e o Autoperdão Ainda Mais

Quando tomamos decisões ou temos atitudes que vão contra a nossa forma de ser e estar, podemos ter sentimentos de culpa e arrependimento. Uma das razões que nos faz sentir assim, relaciona-se com a dificuldade em abandonar ou enfrentar um ressentimento que fica a pairar no ar (e mói). Não se trata apenas de enfrentar a culpa, mas sim, a vergonha tantas vezes sentida que “corrói” os pensamentos.

Perdoar pode ser uma tarefa difícil (e o autoperdão ainda mais). Nem sempre estamos totalmente abertos a esse desafio, principalmente, quando insistimos em investir toda a energia a remoer o que correu menos bem ao invés de nos cingirmos a factos.

Evidentemente, autoperdoar inclui aprender a gerir sentimentos e emoções, mas não só. Para nos podermos perdoar é preciso em primeiro lugar, aceitar essa necessidade de mudança. Tal capacidade, pode forçar a admitir que falhou, que não foi capaz ou não fez o suficiente e que essa condição pode ter, em última análise, provocado consequências. Aceitar que a realidade é o que é, é condição necessária para poder seguir em frente.

Porque é Fácil “arranjar desculpas”?

É fácil arranjar desculpas, pois o que estamos a vivenciar é uma sensação de perda de controlo. Desta forma, o que temos dentro de nós chama-se medo e quando nos apercebemos dele podemos mesmo entrar em pânico.

As palavras e os comportamentos vão ao encontro de minimizar a situação ou de atribuir “desculpas”, mas sabemos… lá por dentro, na nossa cabeça, o que sentimos é culpa. Ao fazê-lo estamos a alimentar uma espécie de camuflagem sentimental e a prejudicar aquilo que seria uma boa razão para a mudança. Sabemos que não é por isso que o desconforto vai embora de vez, ele apenas parece ficar um pouco mais distante do pensamento, quando na verdade, mantem-se presente dia após dia através de pequenos flaches de pensamento que aparecem a qualquer hora e em qualquer lugar.

Ao Perdoar está a Contribuir para a sua Saúde

A capacidade de autoperdoar reduz os sintomas de depressão, ansiedade e outras condições mentais. Uma das maiores contribuições é a capacidade para superar a raiva e a revolta, o que faz diminuir o stress.

Não é por isso estranho dizer-lhe que as pessoas com menor stress nas suas vidas ou que sabem geri-lo de forma mais eficaz, desenvolvem uma certa imunidade a essas emoções gastando menos tempo e menos energia.

O autoperdoar melhora as competências de relação com o outro, isto porque nos ajuda a ter um olhar e uma postura mais assertiva e como tal, uma autoestima mais adequada à pessoa que somos. É a capacidade de estender a empatia para além do óbvio e compreender que quando nos sentimos magoados ou nos magoamos, pode não ser fácil compreender e/ou aceitar, mas, perdoamos ao aceitar essa condição.

E mais importante… perdoar a nós próprios ou aos outros não é o mesmo que dizer que se concorda com o que se passou, pois, a situação vivida pode ter sido dolorosa e devastadora. Exprime, porém, que aceitamos o que aconteceu mesmo não concordando. Aceitamos a realidade em que vivemos e esse episódio deve significar apenas isso – uma aprendizagem e não o marco mais importante da vida.

Por fim, como bónus por ter chegado até aqui, partilho 4 DICAS ÚTEIS PARA PRATICAR O AUTOPERDÃO:

Sentido de Responsabilidade – capacidade para aceitar a responsabilidade pelos atos, isso fará diminuir as emoções negativas em excesso, tais como o arrependimento ou a culpa;

Aceitar o desconforto do Remorso – capacidade para sentir remorso ao invés de reprimi-lo, isso dar-nos-á capacidade para pensar sobre as consequências de forma mais objetiva e assertiva;

Ser Ativo – capacidade para fazer reparações nas ações, isto é, ser ativo no sentido de retificar os erros. Por vezes, poderá ser necessário admitir o erro ou a culpa;

Retirar algo de Positivo – capacidade para retirar algo bom dessa experiência, como por exemplo pensar como essa situação pode contribuir para eu me melhorar enquanto pessoa. Permite ainda ter espaço para pensar numa forma de prevenir novas situações. Sem dúvida que para nos perdoarmos, é necessário encontrar um caminho para aprender com essa experiência.

Em situações de abuso ou negligência, o autoperdão não deve ser considerado, visto se tratar de situações traumáticas que necessitam de um enquadramento rigoroso e uma intervenção especializada. Nestas situações particulares, é comum observarem-se fortes sentimentos de culpa e vergonha, contudo, a pessoa deverá ser ajudada a compreender o que estava e não estava ao seu alcance e controlo.

Lembre-se, um psicólogo pode ajudar.

(Este texto é uma atualização do anterior artigo publicado em 2019 intitulado “Como nos podemos perdoar? escrito por Filomena Conceição – Psicóloga)

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