A Esperança é Essencial na Vida Daqueles que Querem Obter Melhores Resultados

A esperança é um constructo que faz parte da psicologia positiva e é cada vez mais estudado, pois tem vindo a comprovar a existência de conexões positivas em diferentes ambientes nomeadamente, nas crianças e nos adultos.

Os estudos mais recentes têm apresentado alterações positivas no que toca a melhoria do rendimento escolar, por exemplo, de alunos do 1º ciclo que frequentaram programas que promoveram a aprendizagem da esperança como fonte de motivação para obter melhores resultados. O mais incrível é que apesar dos resultados não serem muito expressivos entre os alunos, os professores observaram uma melhoria significativa no empenho das tarefas e na motivação para a aprendizagem, tendo tipo um impacto positivo nos resultados escolares seguintes. O ambiente circundante aparenta estar mais leve e mais agradável na escola. Agora, porque será que isto acontece?

No caso dos adultos, a esperança aparece muitas vezes associada à doença, numa perspetiva de cura. Os estudos até então realizados demonstram que as pessoas que apresentam níveis de esperança sólidos conseguem ter maior capacidade para suportar a dor, por exemplo, lidam melhor com a adversidade dos tratamentos. Os estudos também revelam algo surpreendente, é que de fato, as pessoas que manifestavam uma esperança maior no resultado dos seus tratamentos, obtiveram de fato melhores resultados quando comparadas com pessoas sem esperança e com condições semelhantes. Ainda assim, é importante salvaguardar que muitas outras condicionantes estão correlacionadas com estes resultados e por isso é necessário uma análise crítica ao mesmo. No entanto, como é que a esperança atua ao nível psicológico para que sejam observáveis tais mudanças nas pessoas?

A psicologia é muitas vezes associada às doenças mentais, uma conotação negativa, contudo a psicologia pode também ser olhada de uma perspetiva positiva. Entende-se por isso que a psicologia positiva é o “estudo científico daquilo que corre bem na vida”. Tal, não quer dizer que ela deixa de lado a superação de obstáculos, no entanto ela sugere que se tenha em conta tanto o lado mais “negro” como lado mais “rosa”.

Sabemos que as palavras esperança, amor e espiritualidade estão fortemente ligadas à satisfação ao longo da vida, pois elas remetem uma visão ligada ao futuro.

Nos anos 50 a palavra esperança, começou a dar os seus primeiros passos nas comunicações ligadas à área da psicologia e da psiquiatria, uma vez que se observou o quanto ela tinha peso para a adaptação humana ao caos. De facto, o que se verificou foi que efetivamente, a falta de esperança ou ausência desta, tinha um peso profundo no que respeitava o impacto negativo das doenças mentais em particular na depressão, na sociopatia e nas questões ligadas ao suicídio.

Podemos dizer de grosso modo que a esperança é avaliada por cada um de nós como uma meta para atingir determinados objetivos, ela é por isso dinâmica e flexível.

Numa perspetiva psicológica, a esperança é entendida como um agente de mudança capaz de criar uma sinergia positiva através da qual a pessoa mantem o seu foco na obtenção de algum resultado. A esperança é por isso ligada a uma visão de futuro, ao contrário da expetativa que é ligada ao presente.

Mantendo esta ideia, não podemos olhar para uma pessoa e dizer que ela tem ou não tem esperança. Mas podemos sim afirmar, que os níveis de esperança podem fazer uma espécie de flutuação. Há momentos em que nos sentimos mais esperançosos do que outros, todos nós passamos por essas alturas que variam consoante a idade e a esfera da vida.

Ter esperança não quer necessariamente dizer que acreditamos em algo sobrenatural.

Snyder na sua teoria apreciava a esperança em três componentes:

1) Objetivos específicos (goals)

2) Pensamentos sobre caminhos (pathways) – capacidade da pessoa desenvolver múltiplas formas para alcançar o objetivo.

3) Pensamento de agenciamento (agency) – supõe que a pessoa acredita em si própria e nas suas capacidades para alcançar o objetivo.

Embora Snyder indicasse a presença de três componentes, ele era claro ao dizer que no entanto só existiam duas formas de pensar:

Pensamento 1 – A pessoa é capaz de encontrar/definir/delinear múltiplas formas de resolução de problemas.

Pensamento 2 – A pessoa cria agenciamento em si mesmo afirmando “Eu consigo fazer isto! e “Eu sou capaz!” e avança nesse sentido.

A Esperança Falsa

Não podemos falar em esperança, sem abordar a esperança falsa. A esperança falsa é encontrada em pessoas que têm expetativas elevadas sobre resultados futuros, mas que no entanto, nada fizeram que contribuísse para um resultado a seu favor. Esta esperança é por isso considerada como falsa, tendo em conta que dela não se gera uma ação motivacional (destinada à ação) de modo a formalizar um plano que por sua vez, permita criar condições mais favoráveis para a obtenção do objetivo em causa.

Nesta lógica, muitas pessoas se dizem “esperançosas” criando uma ilusão errada e desfasada da realidade. Por oposto, uma pessoa com esperança genuína é aquela que avalia a situação tendo em conta a realidade e ajusta a sua ação na obtenção desse mesmo objetivo.

Exemplo de uma esperança falsa, poderá ser dizer que “eu quero ter um curso superior”, mas nada fiz nesse sentido, criando assim uma ilusão que obterei um curso superior sem criar todas as condições para tal. Esta esperança será facilmente refutada, tendo em conta as condições onde é criada.

Esperança não é Otimismo

O otimismo está ligado à obtenção de resultados no presente, enquanto a esperança correlacionasse com os resultados futuros. Outro aspeto a ter em conta e que diferencia estes dois constructos, está relacionado com a mobilização para a ação. Enquanto a esperança nos impulsiona na direção dos objetivos e nos motiva para a ação, o otimismo, pode existir sem a presença desse poder para nos fazer agir.

Ambos são importantes para a boa gestão de vida diária, em doses ideais devemos sempre “equilibrar as forças”.

Ganhos com a Esperança

O fato de termos esperança ajuda-nos á construção de emoções positivas face a sucessos alcançados.

“A esperança implica um sistema dinâmico cognitivo e motivacional que pode ser conceptualizado em termos de capacidade percebida de gerar caminhos para objetivos desejados, e de se automotivar (energizar-se para agir) através do agenciamento para percorrer esses caminhos”.

As pessoas com níveis altos de esperança apresentam um leque maior de objetivos nas diferentes esferas da sua vida e optam por escolher tarefas mais complexas.

Quanto mais a pessoa acredita/tem esperança, que vai atingir os seus objetivos, mais confiança e bem-estar sente, contribuindo assim para um aumento da sua capacidade para gerenciar meios e fins para superar as contrariedades que possam existir pelo seu caminho.

Muitas vezes ficamos presos na presença de obstáculos, criando em nós um sentimento de impotência. É como uma sensação de quem fica “preso” a um pensamento ou a um momento.

No caso das pessoas com maiores níveis de esperança, elas são capazes de definir vários planos para a obtenção dos mesmos fins, criando deste modo mais vias de acesso. O seu pensamento é mais flexível e criativo na construção desses mesmos caminhos.

E você o quanto tem esperança?

Quer aprender a aumentar os seus níveis de esperança? clique aqui.

Ritter, A. (2011). Aprender a ter esperança: Construção, implementação e avaliação de um programa para o 4º ano do 1º ciclo de escolaridade. Lisboa: Faculdade de Psicologia.

Kaufman, S. (2011). The will and ways hope. Psychology Today retirado de https://www.psychologytoday.com/us/blog/beautiful-minds/201112/the-will-and-ways-hope .

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