Jovem mãe e psicóloga, esta frase da vida quotidiana levou-me a refletir sobre os estereótipos de género presentes na infância e o seu impacto nas escolhas futuras das crianças.
Porque associamos cor-de-rosa ao feminino?
Curiosamente e originalmente, o rosa é a cor dos homens. Justamente porque é uma declinação do vermelho que desde muito tempo reflete a potência e a força. Nos quadros da Idade Média ou do Renascimento, os reis estão comummente vestidos com uma túnica rosa.

Tudo muda no século XVIII em França, graças à influência da marquesa de Pompadour, o rosa é associado aos valores femininos da época e no século XX, vemos surgir estratégias de marketing que visam amplificar as diferenças entre os sexos no comércio de brinquedos e roupas infantis (dicotomia super-homem vs barbie), apesar de haver a partir dos anos 2000 uma tentativa de algumas marcas em investir em produtos unissexo.
Em paralelo à representação social da cor-de-rosa, as escolhas das profissões também são sexuadas e são submetidas aos estereótipos de género, ou seja, às normas sociais de masculinidade e feminilidade.
Sexo e Orientação Vocacional
As estatísticas mostram que globalmente, há mais rapazes do que raparigas que escolhem o ensino profissional após o 9ºano e 78 % dos rapazes, escolhem o setor de produção (engenharias e tecnologias de informação) como carreira, enquanto 88 % das raparigas escolhem o setor de serviços (hotelaria, restauração, cabeleireiro…).
Dessa forma, as raparigas têm uma tendência para escolher áreas ligadas à literacia, sociais, de cuidado e de comunicação. Por sua vez, os rapazes demonstram maior interesse para as áreas das tecnológicas e científicas.
Mesmo se ao longo dos últimos 20 anos há menos segregação entre os sexos dentre as profissões mais qualificadas, à exceção da área da pesquisa, a diferença entre os sexos continua alta relativamente aos níveis de qualificação 3 e 4 (por exemplo, cursos profissionais e de aprendizagem com equivalência ao 9º ou ao 12º ano).
Ainda que as mulheres tenham aumentado a sua inserção nas profissões ditas «masculinas», o mesmo não acontece com os homens, nas profissões ditas «femininas».
Outras profissões viram o contingente de mulheres diminuir à medida que a atividade profissional ganhou prestígio social.
Por exemplo em França, até meados dos anos 1920, as cozinheiras assumiam a elaboração das refeições nos restaurantes. A partir dos anos 1970, a profissão é mediatizada e ganha maior reconhecimento social e torna-se assim maioritariamente masculina.
Um movimento parecido aconteceu com a informática. Neste caso, mesmo se as mulheres nunca foram maioritárias no setor, elas eram muito mais presentes antes do início dos anos 1980. O crescimento do setor atraiu homens qualificados em massa, o que causou uma diminuição da proporção de mulheres nas empresas.

Porquê refletir sobre os estereótipos de género?
Sabemos que o género é um dos componentes de construção da identidade da criança e do adolescente, assim como a personalidade, os interesses, os ideais e valores, o sentimento de eficácia pessoal, as emoções e o sentimento de valor pessoal.
O processo de construção da identidade é feito durante a infância e a adolescência e, é na relação com as pessoas próximas que o adolescente poderá clarificar, redefinir, expressar ou afirmar sua própria individualidade em construção.
A construção de um projeto pessoal de orientação vocacional é uma forma de criação de si porque para além da profissão, o que é interrogado é o futuro de si. Durante este processo, o jovem pode expor ao olhar e ao julgamento dos outros, a imagem que faz de si mesmo.
Como as “fileiras” profissionais são hierarquizadas e sexuadas, o projeto profissional por um lado está ligado à ambição, gostos e interesses pessoais, mas também, ao grau de conformidade ou de excentricidade da pessoa em relação às normas e ao que é esperado socialmente.
Do meu ponto de vista, limitar a influência do género na orientação escolar é, por um lado, contribuir para a igualdade de oportunidades e, por outro, uma ação que visa potencializar o jovem a fazer escolhas vocacionais conscientes e gratificantes para si, sendo assim livre para permitir-se projetar-se em quaisquer profissões que façam sentido para si.
Artigo escrito pela psicóloga júnior Natalia Dias Melin – Gabinete de Orientação em colaboração para este site.
Como posso contatar?
https://gabinetedeorientacao.pt/
gabineteorientacao@gmail.com
Tlf : 969 836 153
#psicologia acompanhamento psicológico adoção ansiedade bem-estar brain cliente consulta psicológica covid-19 crescimento pessoal criança crianças cérebro depressão desenvolvimento pessoal dicas dor emoções felicidade filme filomenacpsicologa gestão mental happiness leitura ler life life style livro mindset padrão de comportamento pais pensamentos psicologia psicoterapia reflexões relação terapêutica relações serie tv sofrimento stress sucesso sugestão leitura terapia tratamento vida