Algumas vezes tenho pensado sobre as perguntas de amigos, familiares e conhecidos colocam ao longo dos anos, quase sempre, relacionada com a profissão e com a pessoa em si mesma. No passado, escrevi sobre a vida profissional e a vida pessoal de um psicólogo e como elas se entrelaçam e combinam numa só, com limites muitas vezes difíceis de definir.
Hoje, venho abordar o tema colocando-me no lugar dos outros que olham para nós e para o nosso parceiro com a questão: como é que se partilha a vida amorosa com um@ psicólog@?
Partilhar a Vida a Dois
Partilhar a vida a dois com alguém que é formado na área da saúde mental, pode e pode não ter “nada a ver”. Simplesmente, pelo fato das pessoas serem todas diferentes. Há quem tenha com o curso e particularmente na área da psicologia, desenvolvido as suas competências relacionais e há quem com elas, não lhe faça o devido uso no contexto pessoal. Sendo, porém, excelentes profissionais naquilo a que lhes respeita.
Um psicólogo será sempre um psicólogo, mas na sua essência, está um ser humano que carrega consigo um passado, um presente e procura em continuidade construir-se enquanto pessoa.
Logo, nunca será isento de responsabilidade ou se quisermos, de fatalidade numa relação a dois só pelo facto de ser formado em psicologia e até ser psicólogo enquanto profissional (isto porque, podemos ser formados na área da psicologia e exercer outras funções que não psicologia).
Porém, é essencial compreender que, se existe uma formação de pessoa (valores, princípios, personalidade, história de vida), é inegável a influência que faz na sua forma de ser e estar, na sua rotina diária.
Pode ser difícil ter alguém ao nosso lado (parceiro) ligado a esta área pois pode fazer-nos sentir um pouco intimidados no início da relação. Contudo, com a experiência, essa reação inicial vai-se diluindo tranquilamente. Existe sobretudo uma adaptação das suas dinâmicas e dos seus pontos de vista.

As Relações Não se Definem pela Profissão
As pessoas simplesmente são diferentes umas das outras, mesmo partilhando algo em comum. As relações não dependem unicamente da profissão de cada um, mas sim, do seu carater, atitude, personalidade e experiência de vida.
Depende sim, da pessoa em si, do seu Self (“quem sou eu?”). Quem É, no sentido mais puro de nos fazer sentir vivos e acrescente algo à nossa própria existência. É disso que dependem as relações – das pessoas.
De facto, o mundo muda quando estudamos e dedicamos horas e anos a aprender a compreender as pessoas, os seus comportamentos, como se desenrolam os pensamentos e como se comporta a memória e as emoções. Mas ao mesmo tempo, também é legitimo afirmar que mesmo assim, podemos continuar a não compreender o que as outras pessoas pensam ou fazem.
A minha experiência faz-me acreditar que se aprende a aumentar o leque de opções no que requer a explicações possíveis para a interpretação de uma reação ou comportamento de outra pessoa, estamos mais bem preparados do que antes, mas continuamos a não ser capazes de responder a tudo. Essa é a “magia” da ciência psicológica.
Não vou negar que somos mais perspicazes a fazer leitura dos comportamentos ou a conseguir identificar com maior lucidez as emoções do parceiro e que isso, nos pode ajudar em certas e determinadas situações, mas sem dúvida, não vai funcionar sempre. Podemos correr o risco de fazer um “diagnóstico” precipitado ou ao querer ajudar, fazer o outro sentir que “sabemos mais do que devíamos” e estamos em certa medida, a ser mais “psicólogos” que seus “parceiros” e isso é um grande risco numa relação a dois.
Não é em vão que os psicólogos não prestam serviços a familiares e amigos, pois nunca poderão estar isentos da sua própria carga emocional. Não queremos ser psicólogos do nosso/a parceiro/a. É preciso saber equilibrar os papéis ou talvez, simplesmente, reconhecer que tal como qualquer outra pessoa…somos falíveis nas relações a dois.
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