Quais São as Principais Componentes do Bem-Estar Psicológico?

No nível mais básico, o bem-estar psicológico é bastante semelhante a outros termos que se referem a estados mentais positivos, como a felicidade ou a satisfação. Se disser que está feliz ou muito satisfeito com a sua vida, de certeza que o seu bem-estar psicológico é muito elevado.

O bem-estar psicológico tem duas metades importantes:

A primeira refere-se à extensão em que as pessoas experimentam emoções positivas e sentimentos de felicidade. Às vezes, esse aspeto do bem-estar psicológico é denominado bem-estar subjetivo. O bem-estar subjetivo é uma parte necessária do bem-estar psicológico geral, mas por si só não é suficiente.

Imagine estar num lugar que realmente goste, talvez sentado numa esplanada sob o sol, com a sua comida e bebida favorita e alguma boa companhia ou sozinho se preferir. Para a maioria das pessoas seria muito agradável, por uma ou duas semanas, mas imagine fazer isto não apenas por uma semana, mas para todo o sempre, repetido vezes e vezes sem conta. Existem muito poucas pessoas que achariam esta perspetiva agradável. Porém, o que este exemplo mostra é que, para realmente nos sentirmos bem, precisamos experimentar propósito e significado, além de emoções positivas.

Portanto, os dois ingredientes importantes para o bem-estar psicológico são os sentimentos subjetivos de felicidade provocados por algo que gostamos E o sentimento de que o que estamos a fazer com a nossa vida tem algum significado e propósito.

Tipos de Bem-estar Psicológico

A. O termo bem-estar “hedónico” é normalmente usado quando aludimos aos sentimentos subjetivos de felicidade. É composto por dois componentes, um afetivo (alto afeto positivo e baixo afeto negativo) e um componente cognitivo (satisfação com a vida). Propõe-se que uma pessoa experimenta felicidade quando o afeto positivo e a satisfação com a vida são elevados.

B. O termo menos conhecido, bem-estar “eudaimónico” é usado quando mencionamos o aspeto proposital do bem-estar psicológico. A psicóloga Carol Ryff desenvolveu um modelo muito claro que divide o bem-estar eudaimónico em seis tipos principais de bem-estar psicológico:

Bem-estar Eudaimónico

Autoaceitação: Pontuações altas refletem a atitude positiva do entrevistado sobre si mesmo. Um exemplo de declaração para este critério é “Gosto da maioria dos aspetos da minha personalidade”.

Domínio ambiental: Pontuações altas indicam que a pessoa faz uso eficaz das oportunidades e tem um senso de domínio no gerenciamento de fatores e atividades ambientais, incluindo o gerenciamento de assuntos cotidianos e a criação de situações para beneficiar as necessidades pessoais. Um exemplo de afirmação para este critério é “Em geral, sinto que estou no comando da situação em que vivo”.

Relações positivas com outros: Pontuações altas refletem o envolvimento da pessoa em relacionamentos significativos com outras pessoas, que incluem empatia recíproca, intimidade e afeto. Um exemplo de declaração para este critério é “As pessoas descrever-me-iam como uma pessoa generosa, disposta a compartilhar o meu tempo com os outros”.

Desenvolvimento pessoal: Pontuações altas indicam que a pessoa continua a desenvolver-se, é recetivo a novas experiências e reconhece a melhora no comportamento e em si mesmo ao longo do tempo. Um exemplo de declaração para este critério é “Acho que é importante ter novas experiências que desafiem a forma como penso sobre mim mesmo e o mundo”

Propósito de vida: As pontuações altas refletem a forte orientação para o objetivo da pessoa e a convicção de que a vida tem significado. Um exemplo de declaração para este critério é “Algumas pessoas vagam sem rumo pela vida, mas eu não sou uma delas”.

Autonomia: Pontuações altas indicam que a pessoa é independente e regula o seu comportamento independentemente de pressões sociais. Um exemplo de declaração para este critério é “Tenho confiança nas minhas opiniões, mesmo que sejam contrárias ao consenso geral”.

“Assim sendo, podemos dizer que diferentes correntes filosóficas identificaram duas formas de conseguir o bem-estar: uma é pela via hedônica, que consiste em desfrutar de tudo o que envolve um prazer imediato (uma refeição, uma paisagem, um encontro entre amigos, etc.); e a outra é a via eudaimônica. Essa última reside na satisfação a longo prazo, gerada como resultado das conquistas obtidas, de conseguir os frutos que surgem a partir do esforço, do trabalho e do planejamento. Conseguir sucesso na carreira, um diploma ou superar um mau hábito são alguns exemplos. Atualmente, além da ciência estabelecer essa divisão, a chamada psicologia positiva a especifica através de três vias: a da vida prazerosa; a da vida com compromisso; e a da vida com significado” (Revista El País, 2016).

Teorias de bem-estar psicológico

O que sabemos é que as experiências stressantes podem predispor as pessoas a perturbações de humor e ansiedade subsequentes, mas, por outro lado, a exposição a eventos extremamente traumáticos pode ajudar a construir resiliência e realmente proteger o bem-estar psicológico.

Embora o bem-estar psicológico básico possa ser bastante estável, os eventos e experiências do dia a dia também exercem um impacto. Por exemplo, mesmo a pessoa mais resiliente pode eventualmente ficar muito deprimida se as suas experiências diárias forem constantemente perturbadoras.

Há fortes evidências que demonstram que a exposição a causas stressantes relacionadas ao trabalho por longos períodos, terá um impacto negativo no bem-estar psicológico base, então, embora como mencionado acima, curtos períodos de adversidade podem ser úteis para construir resiliência, o stresse de longo prazo não é bom.

Por sua vez, esse nível mais baixo de bem-estar psicológico pode levar a doenças graves, incluindo doenças cardiovasculares, problemas com o controle de açúcar no sangue, como diabetes e disfunções do sistema imunológico.

O que Posso fazer Para Aumentar o Bem-estar?

Segundo o artigo da revista El País em 2016, chama a atenção para a existência de diversas atividades que promovem o bem-estar e a saúde emocional. A melhor parte, é que essas atividades podem ser treinadas, isto é, estimuladas no nosso cérebro através daquilo a que chamamos de neuroplasticidade, ou seja,  “a capacidade do cérebro de criar novas conexões neuronais e até mesmo gerar novos neurônios ligados à experiência, essas atividades também podem produzir mudanças estruturais e funcionais no cérebro”.

Atividades como o exercício físico estão comprovadas que reduzem a ansiedade, o stress e o risco de contrair doenças. Mas não só, têm também um papel importante nas funções cognitivas, melhorando a memória de longo prazo e o fluxo sanguíneo em estados de repouso, por exemplo.

Sabemos, no entanto, que ele produz bem-estar, mas a sua duração é de apenas num curto ou médio prazo, uma vez que o exercício procria endorfinas, os hormônios que produzem sensação de prazer e bem-estar, além de ter um efeito analgésico no organismo. O problema é, quando esse efeito acaba…

A meditação também surge com fortes evidências científicas que tem impacto positivo na nossa saúde emocional, pois meditar regulamente modifica positivamente a estrutura e o funcionamento do cérebro.

Ter em atenção as emoções positivas e potencializá-las no cotidiano é um recurso que também favorece o bem-estar.

Fomentar relações sociais positivas, afetivas e amorosas também são a favor da ciência que nos indica que este tipo de relações proporciona sensação de bem-estar. A presença de entes queridos como a família e os amigos modifica de forma positiva a resposta do nosso cérebro a situações de ameaça.

Mas não ficamos por aqui, a utilização da nossa força interior no sentido de guiá-la para a concretização da nossa satisfação é muito importante:

“As forças de caráter são traços positivos que todas as pessoas têm em maior ou menor medida. A bondade, a gratidão, o amor, a integridade, a curiosidade, a valentia e a generosidade são algumas delas” (El País, 2016).

Ser generoso e praticar a gratidão, também acompanham as investigações científicas que apontam para que este tipo de atitude fortalece a sensação de bem-estar emocional, através dos diferentes agentes químicos que se encontram ligados à felicidade, como a dopamina e a oxitocina. Praticar a gratidão é uma forma de nos sentirmos agradecidos pelo que temos, se podermos aliar isso e dar a outros, a nossa satisfação aumenta consideravelmente.

Por isso, cuide de si, cuide da sua saúde mental.

Retirado e adaptado de: Robertson, I. (2018). What is psychological wellbeing In http://www.robertsoncooper.com. 

Revista El País (2016). O que queremos dizer quando falamos de felicidade?

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