Não Há Felicidade Sem Sofrimento

Desengane-se quem pensa que a felicidade só depende de nós mesmos ou das nossas atitudes. Como é que isso pode ser possível se não controlamos tudo à nossa volta (e ainda bem!). O problema aqui, é que mesmo sabendo que não podemos controlar, procuramos ter sempre tudo em controlo.

A felicidade é um conceito subjetivo que varia de pessoa para pessoa e pode ter múltiplos significados, consoante as nossas características, gostos e valores. Utopicamente, quando se aborda o tema da felicidade, aborda-se num sentido de procura ativa e constante da mesma, porém, a questão terá de ser colocada de uma outra forma: o que te faz feliz?

Quando fazemos esta pergunta nem todas as pessoas conseguem responder de forma imediata, mas a maioria canaliza a resposta para algo externo como “ver os meus filhos sorrir” ou “saber que fiz um bom trabalho ao final do dia”. Mas será que a felicidade é somente essa parte?

Saber que a felicidade depende somente de nós, é um grande peso! Ninguém suporta o peso de ter de saber gerir emoções tão diferentes ao longo de um único dia e ainda, ter o dever e obrigação de manter a sua felicidade ao mais alto nível.

Quanto vale sentir-se bem?

Do meu ponto de vista enquanto psicóloga e o que tento passar nas minhas sessões é que não vivam tão obcecados com a felicidade, mas vivam com a certeza que deram o seu melhor perante as situações onde se encontravam. Isto alivia com clara evidência o peso de “ser-se perfeito” e praticar-se o bem a tempo integral. Não quero eu dizer que não devemos praticar o bem, mas sim, devemos compreender que estar sempre com esta pressão de nos sentirmos felizes gera por outro lado, grande frustração quando temos um dia menos bom.

Todos nós temos dias menos bons, não existe alguém a quem o dia seja sempre “perfeito” a menos que o veja desta forma e isso é algo diferente.

Vivermos livres da pressão de sermos sempre bem sucedidos, leva-nos a obter resultados mais satisfatórios com menos esforço. Porquê? porque a pressão baixa, com ela também a ansiedade e conseguimos pensar e raciocinar com maior clareza. Quando os pensamentos são fluídos, as tomadas de decisão são mais fáceis no sentido em que, temos uma maior capacidade para pensar sobre as várias opções disponíveis.

O sofrimento que muitas vezes é omitido das redes sociais faz parte da nossa vida e com ele também se aprende. Para podermos distinguir “a felicidade” temos de experienciar o sofrimento, pois só assim somos capazes de afirmar com clarividência o que não queremos e o que não nos faz bem. Mas atenção! eu não estou a dizer para se auto infligir isso traz felicidade, estamos a falar de ocasiões que por força maior nos obrigam a lidar com situações muito complexas, como a perda de alguém querido e com isso ter de passar por um processo de luto, passar por um momento de crise na relação amorosa e ter de saber viver com um divórcio e dois filhos para criar, ou perder um emprego que tantas vezes pensámos mal sobre ele, mas que agora ao viver o desemprego até isso “não era assim tão mau”.

Volto ao início do texto quando falava que a felicidade é um conceito subjetivo e varia de pessoa para pessoa, para vos falar de uma outra ideia: por sermos tão bombardeados com informações, por vezes não muito úteis na nossa realidade, vivemos intensamente essa felicidade alheia e sentimo-nos frustrados quando olhamos para o nosso incrível umbigo e não vemos exatamente as mesmas coisas ou as mesmas condições. O que nos esquecemos é que dentro da nossa realidade, podemos sentir mais felicidade do que no contexto de outra pessoa.

Verificar nas redes sociais a quantidade de informação sobre o que é a “felicidade” e como atingi-la, faz-me sempre refletir se essas pessoas através dessa única fórmula serão capazes de atingir a felicidade que tanto anseiam? Ou se a felicidade não se resumirá àquele momento em particular onde nos sentimos verdadeiramente bem? Todos nós temos momentos de felicidade, mas nem sempre os vemos desta forma.

Portanto, importa saber identificar dentro da nossa vida, esses momentos e dar-lhes um novo significado.

Claro que há coisas que podemos fazer para ajudar a fomentar a felicidade em nós, mas temos que estar bem cientes, o que resulta com a pessoa A pode não resultar com a pessoa B. Não há fórmulas mágicas, resultados imediatos que durem por muito tempo, nem terapias milagrosas que resolvam todos os nossos problemas. Cada um de nós tem a sua própria combinação de fatores e valores, por isso, o que nos cabe a nós psicólogos como função é ser um facilitador dessa descoberta, não da fórmula em si mesma.

O artigo que acaba de ler agora, foi igualmente escolhido e publicado na Edição nrº 115, em agosto de 2021 na Revista Progredir a convite pelos editores. Pode encontrá-lo destacado na capa da revista e disponível para leitura entre as páginas 14 a 17. Para ler na revista, clique aqui. Boas leituras! (o artigo na revista trás novidades!).

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