Cuidar de Mim: de Dentro para Fora ou de Fora para Dentro?

Cada um de nós é responsável pelos seus atos, sendo que cada ato que tomamos acarreta consigo uma tomada de decisão. Essa tomada de decisão pode ser positiva ou negativa, consoante as escolhas que fazemos. Escolher cuidar de nós, para além de um direito é sem dúvida um ato de amor-próprio fundamental.

Existem diversas configurações de cuidado, de pais para filhos, de filhos para pais, de amigo para amigo, de cuidadores informais e cuidadores anónimos. Existe o cuidar de fora para dentro ou de dentro para fora.

Certamente, já se deu conta das inúmeras teorias que existem sobre esta matéria, o mais importante aqui é o que faz sentido para cada pessoa, o que faz sentido para si.  Cuidar implica um ato de carinho e afeto que pode ser realizado de inúmeras fórmulas com resultados diferentes em relação à sua qualidade e à sua intensidade. A questão que se levanta é, “o que é mais importante?” Resultados rápidos que se diluem com o tempo ou, por outro, resultados mais lentos que podem durar toda uma vida?

Cuidar de Mim – “de Fora para Dentro”

Quem não gosta de uma boa massagem, de uma sessão no spa, de um banho relaxante ou de uma ida ao cabeleireiro. Sem dúvida alguma que todos nós somos adeptos deste tipo de cuidados, de uma ou de outra vertente, o mais importante é que esse ato nos faça sentir bem.

É importante cuidar do corpo de forma saudável coligando esse momento ao bem-estar e prazer. Com essa sensação de conforto no corpo, parece que a alma está mais rejuvenescida, os pensamentos mais leves, mais capaz de enfrentar uma nova semana. Sentimo-nos alegres e motivados.

Para algumas pessoas o refugiu está na prática de exercício físico, na ida ao ginásio ou na corrida de início de dia ou final de tarde. Manter o corpo ativo é meio caminho andado para uma sensação de bem-estar, os estudos comprovam que a combinação de um estilo de vida saudável (alimentação e exercício) são necessidades básicas no princípio do autocuidado.

Mas será que este tipo de cuidado é tão profundo, ao ponto de durar o tempo desejado? Não, de todo. Este tipo de cuidado é fundamental, mas o efeito não é tão duradouro como desejaríamos. A intensidade do seu acontecimento é por norma forte e o resultado quase instantâneo, bastam alguns minutos para começar a sentir os primeiros resultados que se podem prolongar durante esse dia, no máximo ainda se sente no dia seguinte, até que a sensação passe e volte à normalidade. Momentaneamente, a mente liberta-se do que é mau, a  visão sobre as coisas da vida que nos inquietam parecem agora mais leves, mas não suficientemente para serem consideradas ultrapassadas.

Quando esse momento passa… a sensação de mal-estar e desconforto volta. Então, o que posso fazer para contrariar isso?

É aqui que entra o verdadeiro autocuidado, o “self-care”. Não é em vão que cada vez mais se aborda este conceito. Cuidar-nos de dentro para fora pode parecer uma viagem mais longa e até mais exigente, no entanto os seus ganhos são muito mais consistentes e duradouros o que proporciona um bem-estar autêntico e único.

Cuidar de Mim – “de Dentro para Fora”

Começar a cuidar de nós de dentro para fora é um crescimento pessoal único que nos permite sentir as emoções, recriá-las e libertar-nos daquilo que não interessa. Isto quer dizer, que cuidar de nós começa num processo interno de autoconhecimento para que o equilíbrio…o nosso próprio equilíbrio, se dê. Quando nos sentimos bem connosco, internamente, reconhecendo as nossas virtudes e as nossas preocupações sentimo-nos bem apesar de todas as circunstâncias, pois aprendemos a gerir melhor a nossa vida.

Gerir melhor, é saber:

1) Aprender a gerir melhor as emoções, não as reprimir, aprender a senti-las e com isso “libertá-las” assertivamente.

2) Aprender a gerir melhor o tempo, definir correctamente as prioridades e onde queremos aplicar o nosso tempo (um bem tão precioso!). “Só não há tempo para aquilo que não se quer ou se foge…”.

3) Saber reconhecer os nossos pontos fortes, potencializando-os adequadamente consoante os diferentes contextos de vida.

4) Sinalizar/Reconhecer/Aceitar os pontos menos fortes, aqueles que podem emergir em situações mais delicadas e assim, prevenir adequadamente os pensamentos e comportamentos que possam surgir abruptamente e sem qualquer controlo.

5) Aprender que nem sempre nos sentimos bem, sentir tristeza ou preocupação por uma situação é natural e faz parte da vida. As emoções negativas são tão importantes quanto as positivas, na medida em que nos permitem caracterizar e validar os nossos sentimentos. Tenha presente que vão sempre existir momentos difíceis ao longo da vida, não há como fugir deles. Viver uma “vida em pleno” não é o mesmo que dizer que as emoções negativas estão banidas da nossa vida e devem, portanto, ser reprimidas. Pelo contrário, é preciso aprender a equilibrar a balança o melhor possível. “Se não soubermos o que é a dor, como podemos identificar a felicidade?”

6) Aprender a gerir insucessos, é preciso compreender que só falhando é possível aprender para melhorar seja na esfera pessoal, profissional ou social. Se não aprendermos com eles (com os erros e insucessos), com as falhas, dificilmente vamos ser capazes de dar o salto em direcção a algo superior. Se preservarmos uma postura em que assumimos que estamos sempre certos, dificilmente vamos evoluir e, é até provável, que os nossos erros se tornem em vícios que passam a ser encarados como hábitos: “sempre fiz deste modo, não é agora que vou mudar”.

Esta rigidez mental pode afetar muito mais do que imagina…pode não só afetá-lo a si, como aqueles que ama. Tenha atenção a este aspeto, pois muitas vezes, sem nos darmos conta, a nossa incapacidade para parar um momento, leva-nos a ter comportamentos menos ajustados perante situações que podiam ser mais facilmente solucionados.

Tipos de Autocuidado

Um último detalhe…

Tenha cuidado com receitas prontas e fórmulas rápidas!

Os livros de autoajuda são excelentes ferramentas de introdução à prática do autocuidado, pois introduzem conceitos centrais. Não é a primeira vez que lhes dou realce, mas atenção, este material não se extingue em si mesmo. Entre teorização e prática, é necessária toda a atenção, cautela e destreza na sua aplicação.

Um conceito mal aplicado, pode ter um efeito ou retorno inverso…pode aumentar o estado de alerta, aumentar os sintomas de mal-estar, de depressão e ansiedade. Lembre-se: nem todas as pessoas estão ao mesmo nível, necessitam da mesma abordagem e estão autossuficientes para ter a capacidade certa  para o seu uso como um simples recurso. Há que saber como funcionam, ou seja, como operam e quais os seus efeitos colaterais e sobretudo, por quem devem e podem ser aplicados para tirar o melhor partido desta ferramenta.

Vídeos disseminados pelo Youtube e outros canais, são outros bons recursos, mas aqui o cuidado deve ser redobrado. Certifique-se que as palestras e informações que segue são produzidas e dinamizadas por pessoas com formação adequada e que fomentam a liberdade de espírito e entendimento, apresentam por isso uma base teórica consistente O pior que pode ocorrer é ver-se de tal modo absorto, de uma certa forma de ser e estar ,que isso comece de tal modo a consumi-lo nas suas próprias ideias e pensamentos que se torna mais numa obsessão em cumprir à risca o que ouve do que ter um real ganho na sua vida.

Atenção ao modo como traça objetivos. Objetivos sem um planeamento, não passam de meras ideias soltas. O que quer que seja para ter resultados é preciso tempo, dedicação e um plano.

E não se esqueça…cuidar de si faz parte integral do seu próprio bem-estar.

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