Há dias assim. Há dias onde a nossa cabeça parece ter mais vontade de centrifugar do que a nossa própria máquina de lavar roupa. Tudo nos vem à cabeça, as preocupações, as tarefas a fazer e os lembretes que não param de tocar no telemóvel, assim como as notificações do facebook, do instagram e claro!..do email.
As dúvidas dos filhos, as dúvidas dos nossos amigos e as nossas próprias indecisões, tudo gira na nossa cabeça, tal como o mundo que não pára (nunca) de girar.
O tempo parece estar quase sempre certo, na medida do possível…é ele que nos amortece a alma e nos tenta dar mais calma, até um dia… nos questionarmos “Que vida é esta? Ai…se eu soubesse o que sei hoje…”, pois seria interessante, mas não mais aterrador. Será que iriamos mesmo viver mais e viver ainda melhor? Tenho as minhas dúvidas.
Se o mundo anda às voltas dentro da nossa cabeça, ainda bem. É sinal que temos cabeça e que temos um mundo com que nos preocuparmos. É sinal que estamos vivos e nos podemos preocupar com coisas simples e banais. Curioso, porque só quando estamos mal nos apercebemos de quanto bem estávamos.
Todos nos dizem para vivermos a vida intensamente, mas porém também nos dizem para termos menos pressa, praticarmos mais atividades de lazer, darmos tempo a nós mesmos permitindo-nos a nada fazer ou relaxar. Então em que ficamos? Decidam-se! Ou é para viver ou é para andar devagar?
Ter pressa de viver não é o mesmo de viver intensamente e andar devagar, não quer dizer que se aproveite menos. De certa maneira, ambas as ideias estão corretas e ambas são uma farsa. Mas, por partes:
Viver intensamente
Ato de viver como se não houvesse amanhã, aproveitar ao máximo, disfrutar de tudo o que se puder, hoje e agora. O que implica andar a correr, ver tudo à pressa, sentir as emoções à pressa e querer tudo no aqui e no agora.
Perdemos a possibilidade de aproveitar os detalhes de saborear a vida como num gole de café e na brisa do mar na praia a bater na nossa cabeça. É preciso ser-se seletivo, pois esqueçam que não existe a possibilidade de fazer tudo o que se deseja, é por isso uma tarefa de extrema exigência e de um profundo autoconhecimento: saber o que se quer, quando se quer e como se quer.
Relaxar e Abrandar
Ato de viver a vida ao sabor dos detalhes, sem pressa de chegar, sem preocupação de chegar tarde ou mesmo chegar. Deixar para depois o que nos preocupa, dar mais atenção ao que nos preenche o coração.
Perdemos a possibilidade de fazermos muito mais coisas que gostaríamos, pois não vai haver tempo de espera possível para depois. As emoções fortes ficam diluídas ao longo do ritmo médio a médio-baixo. A vida parece fazer mais sentido a um ritmo mais brando, onde eu controlo mais cada momento e não me deixo levar pela loucura do momento.
Qual das duas formas é a mais assertiva?
Resposta: Nenhuma delas.
A mestria das escolhas de vida de cada um de nós, está em criar um equilíbrio personalizado entre o que posso, o que quero e o que desejo fazer (passado, presente e futuro). Sem memória de um passado eu não saberei quem fui, sem memória de um presente eu não sei quem sou, sem a ideia de uma memória futura, eu não sei que pessoa quero ser e para onde quero ir.
O mundo anda às voltas na nossa cabeça e continuará a dar as suas voltas…irá nos fazer mergulhar na escuridão e fazer-nos precisar do silêncio, mas também nos fará aprender que existem momentos tão fortes que por mais que queiramos fugir, eles andaram sempre atrás.