A forma mais fácil para compreender a nossa resposta comportamental a um determinado acontecimento na nossa vida é simplificar a teoria. Vamos então basear-nos no Modelo ‘ABC’ – Modelo de Resposta Emocional:

A = Estimulo (evento desencadeador de ação); B = Comportamento (atitudes, consequências e sintomas); C = Crenças (pensamentos, ideias)
Um estimulo A pode ser imaginário, interno ou externo, sobre o passado, o presente ou futuro. Estes estímulos, desencadeiam a parte C, os tais pensamentos e crenças que vão originar os nossos comportamentos e atitudes, a parte B do problema.
Por exemplo, ao assistir uma notícia na televisão sobre o coronavírus (estímulo), desencadeia um pensamento, uma crença sobre essa informação (pensamento), o que me leva a desenvolver uma determinada atitude.
Vamos imaginar que essa notícia é sobre o aumento de mortes em Itália devido à pandemia de covid-19: automaticamente eu posso ter o pensamento de como seria mau se tal acontecesse em Portugal e como ia ser drástico lidar com tal situação, esse pensamento ativa em mim uma resposta emocional de medo, fazendo-me sentir com mais ansiedade e dificuldade em dormir (comportamento).
Mas será que todas as crenças (pensamentos) que críamos são sempre negativas?
As crenças podem ter diferentes impactos e significados em nós. Podem levar-nos por um caminho negativo se não forem realistas, ou pelo contrário, podem ajudar-nos a gerir um desafio se soubermos como as interpretar e usar a nosso favor.
De acordo com o Modelo ‘ABC’, podemos distinguir dois tipos de crenças, racional ou irracional, saudáveis ou não saudáveis:
Crenças saudáveis
- São flexíveis;
- São baseadas em coisas que queremos, gostamos, desejamos e temos como preferência;
- Tendem a fazer sentido – são lógicas e consistentes com a realidade;
- Significam que aceitamos que nem sempre conseguimos ter o que queremos e como queremos;
- Desapega o valor humano da simples dicotomia ‘sucesso ou fracasso’, indo muito para além destes dois pólos;
- Conduz a um crescimento emocional saudável e predispõe-nos para atingir os nossos objetivos.
Crenças NÃO saudáveis
- São irrealistas;
- Podem ser autodestrutivas;
- Não se baseiam na aceitação ou conhecimento da realidade;
- Não reconhece ou aceita outras possibilidades (até a realidade dos pensamentos mostra que existem outras possibilidades);
- Causa incompatibilidade entre realidades internas e externas;
- Levam a reações emocionais negativas e preparam-nos para o fracasso e sabotagem dos nossos objetivos.
Porque tudo isto é importante?
Bom, ter crenças saudáveis significa que, embora possa sentir-se triste, frustrado ou chateado se fracassar, você é capaz de “lamber as suas feridas”, tirar o pó e voltar a concentrar-se novamente nos seus objetivos.
Experimente ter mais consciência dos seus pensamentos, assim conseguirá uma maior percepção das suas ideias e consequentemente, maior controlo sobre os seus comportamentos.
Este maior controlo nos seus pensamentos fará sentir-se mais capacitado para gerir as suas reações (emoções) mantendo-o em segurança. Com este sentimento de segurança os níveis de ansiedade, stress e medo podem ser mais facilmente controlados por si próprio.
Por vezes é preciso algum treino, no início poderá não parecer muito fácil. Porém após algumas tomadas de consciência vai começar a sentir-se mais capaz, até que chega a um ponto em que essa capacidade se torna parte da sua rotina, sem ter de despender de muito esforço nem gastar muitas energias. Acredite, vai valer a pena.
Retirado e adaptado de Cognitive Behaviour Therapy: Your Route Out Of Perfectionism, Self-Sabotage and Other Everyday Habits With CBT by Avy Joseph, 2ª edition.