A memória faz de nós aquilo que somos e podemos vir a ser, pois cada lembrança recordada ou esquecida faz com que sejamos seres únicos, uma vez que, para duas pessoas que vivenciem a mesma situação, a forma como esse momento será armazenado será distinta, levando a pontos de vista diferentes que, por sua vez, trarão recordações diferentes.
O conjunto de memórias de cada pessoa influencia a sua personalidade. Devido a essa característica, nenhuma pessoa é capaz de ser igual a outra. Sabemos que mesmo gémeos monozigóticos originarão seres humanos totalmente diferentes, de acordo com as experiências de memória que tiveram.
Neste estado de crise e alerta em que vivemos, a nossa memória imediata tenta encontrar relações com memórias anteriores. Temos tendência para comparar situações e procurar acontecimentos armazenados que nos possam fazer sentir assim, tão desconfortáveis e com tanto receio do desconhecido. Talvez, num primeiro momento não seja fácil encontrar uma correlação que pareça fazer sentido, porém, estou certa que já passou pela sua vida outros acontecimentos potenciadores de algum tipo de trauma e sobreviveu. Este momento não será exceção, mas para tal é importante ter noção de como a memória pode facilitar ou afetar a nossa reação ao presente.
A memória é considerada um sistema complexo e múltiplo combinado por arranjos e codificação ou sistemas que permitem a armazenagem e a recuperação de informações no cérebro.
Várias informações presentes no cérebro são utilizadas no resgate da memória, podendo ser classificadas quanto ao tipo de estímulo. Nesse âmbito, elas podem ser visuais, táteis, auditivas, gustativas ou olfativas. Quanto ao tempo de armazenamento da informação, podem ser memória de trabalho, memória de curto prazo e memória de longo prazo.
Sabia que a memória e a aprendizagem dependem um do outro? O aprendizado ou a aquisição de memória podem ser vistos como sinónimos, pois apenas se pode “gravar” aquilo que foi aprendido. Da mesma forma, só podemos gravar e posteriormente lembrar, aquilo que aprendemos.
Efetivamente, a memória também vai influenciar o modo como lidamos com esta crise. Se em tempo de criança, fomos construindo memórias positivas sobre como superar obstáculos é esperado que numa fase adulta, a pessoa se sinta mais confiante e capaz de superar a situação atual. Por outro lado, se as memórias são de negatividade e falta de recursos de superação, é possível que se venha a sentir mais incomodado(a) e fragilizado(a) com esta situação.
As Emoções também fazem parte da equação… a forma como se aprende algo está também ligado ao nosso estado de humor: as emoções, o contexto e a junção de ambos influenciam a aquisição ou evocação da memória. Pessoas que estão em um estado de humor positivo tendem a aprender palavras e situações de cunho positivo. Em contrapartida, pessoas com humor negativo tendem a assimilar melhor palavras ou situações negativas nesses momentos.
Por isso, neste momento particular em que nos encontramos é extremamente relevante manter o pensamento positivo, para gerar um maior sentimento de segurança e assim, pode canalizar melhor as suas aprendizagens e conhecimento como ferramentas essenciais para se ajustar a esta nossa realidade global.
Retirado e adaptado com excerto direto de artigo: Revista liberato, Novo Hamburgo (2015). Memória, Aprendizagem, Emoções e Inteligência. Universidade FRG, Porto Alegre.