Com o aproximar da época festiva do natal o sentimento não é unânime entre todas as pessoas. Para algumas, esta época é sinal de bondade, voluntariado, dar o melhor de nós, oferecer aquilo que melhor sabemos fazer, é alegria e passeios em família e sim…também é a loucura das compras dos presentes e tudo o que o natal trás consigo (doces, árvores, presentes, encontros familiares, jantares de natal do trabalho, dos amigos, do pessoal da bola e dos amigos do secundário ou da faculdade…) numa perspetiva de época de alegria. Mas…e quando o natal é sinónimo de dor?
Para muitas outras pessoas o natal é época de amargura. É quando mais está presente a tristeza nos nossos dias, é quando mais nos lembramos do último natal em família com todos os seus elementos. É quando mais está presente a falta que nos faz determinada pessoa ou a saudade que se sente daquele cheiro a madeira a arder na lareira e os doces da avó. Este natal é cinzento e doloroso, é gerir a separação recente do companheiro, a gestão dos miúdos no divórcio, as “guerras” entre famílias. É tudo menos conforto, alegria ou bem-estar. Ainda querem que se festeje o natal?
Muitos são aqueles que (por diversas razões) odeiam o natal! E não é em vão que se sentem mais amargurados nestes dois últimos meses do ano. Não é só o fato de chover mais vezes, de anoitecer mais cedo. É o fato dos filhos nos questionarem sobre o nosso mau-humor e nós sem sabermos como dizer …o quanto odiamos estes dois meses e como desejamos incrivelmente que eles passem rápido.
No final do dia 25 parecemos outros. A preparação para um novo ano começa e aquela vontade de “para o ano é que é”, “para o ano vou fazer tudo diferente”. Parece que somos invadidos por uma nova energia e podemos finalmente deixar de lado a melancolia destas ultimas semanas. Até lá, parecemos zangados com o tempo, zangados com esta vida, tudo nos irrita, tudo nos incomoda mais do que nunca. Pensamentos vão e vêm…’o natal, já não é natal e ele já não deveria existir á nossa volta’.
Porque o natal pode ser tão doloroso?
Para determinadas pessoas estes dois últimos meses do ano são muito difíceis de gerir emocionalmente. É como andar todos os dias a lidar com fantasmas, pois diria eu, é quase impossível não ter a palavra natal presente nas nossas vidas. Em cada recanto da estrada ou nos transportes públicos há um cartaz, as ruas enchem-se de bolinhas e luzes que piscam.
O natal é também sinónimo de stresse e depressão. É sinonimo muitas vezes de ansiedade e de alterações de humor. É sinal de recaídas acentuadas em algumas das situações que merecem um olhar especial e uma particular atenção.
As pessoas não fazem isso por mal, não estão a chamar a atenção para elas. Pelo contrário, tudo seria mais fácil se pudessem escolher como se sentir. Se pudessem ignorar ou fingir que está tudo bem. E acreditem, muitas vezes esse esforço último na ceia de natal é quele que mais dói.