Em qualquer idade, em qualquer fase de vida podemos mudar. Quer tenhamos 77 ou 17 anos podemos aprender a crescer, adotar novos hábitos, fazer escolhas que proporcionem um estado de vida positivo.
Quando as emoções da infância rompem os nossos pensamentos, isso pode-nos fazer sentir como se fossemos de repente levados pela corrente. Por vezes, parece que há algo que nos agarra nessa descida e não nos permite parar para refletir, limitamo-nos pois a reagir a ela.
Hoje sabemos pela investigação que alguns pontos menos positivos do passado ou traumas influenciam a nossa forma de ser e estar no presente. Muitas vezes sentimo-nos magoados “eternamente” por situações do passado. Porém também sabemos que esse trauma afeta de forma diferente cada pessoa.
A componente genética, os eventos de vida anteriores, a experiência de vida, o mindset, as crenças e as expectativas influenciam a vivência desses traumas. Esse trauma, muitas vezes vive connosco, puxa-nos e faz-nos lutar constantemente. Também sabemos que o suporte social, a duração do trauma e o tipo de lesão cria respostas diferentes.
O trauma gera emoções e, ou se processa essas emoções no tempo correto ou elas aparecem mais tarde afetando negativamente o nosso sistema quer ao nível psicológico quer ao nível físico.
É por isso essencial que exista um fluxo saudável de processamento de emoções negativas como a raiva, a tristeza e o medo. É improvável, diria mesmo, impossível superá-los se continuarmos a fugir deles a vida toda.
Suprimir estas emoções simplesmente não as faz ir embora, em vez disso elas intoxicam o nosso sistema interno. Elas continuam a aparecer vezes sem conta de forma disfuncional em momentos da vida, em particular nos de infelicidade. Ao longo da vida, sentir as emoções é uma das coisas mais saudáveis e produtivas que podemos fazer.
Como libertar as emoções do trauma?
Para conseguir libertar-se dessa corrente que arrasta para o fundo é sobretudo importante em primeiro lugar identificar quando é que esses traumas do passado reaparecem no presente. Em que momentos? Em que acontecimentos?
Quando compreender quais são esses momentos, então estará preparado para tornar o que é inconsciente num processo consciente e assim, libertar-se do passado e agarrar o presente tornando-se mais capacitado para tomar novas decisões.
Para se libertar das limitações inconscientes que o levam a ações menos positivas, é necessário ter a capacidade para observar o seu próprio julgamento. É necessário que traga os seus pensamentos, sentimentos e crenças para uma zona consciente em vez de os continuar a oprimir, fugir ou ignorar. Este processo vai permitir ao cérebro deixar de lutar contra essas emoções toxicas e criar espaço para as analisar, explorar, descobrir e recriar.
No fundo, estamos a falar de quatro qualidades básicas de autoobservação: curiosidade, abertura, aceitação e amor.
Quando se foca no seu mundo interior é capaz de praticar um reconhecimento dessas emoções num processo de mindfulness libertador. A autoconsciência é fundamental para compreender o que está a acontecer de positivo na vida, arquitetando relações mais sólidas e seguras para que possa construir uma vida baseada no que realmente é e não aquilo que pode ser o resultado de um trauma do passado.
Reconhecer uma emoção permite-nos libertá-la.
Traduzido e adaptado de To Heal From Trauma, You Have To Feel Your Feelings