Todos nós temos um pouco de psicólogos, mais do que não seja…para dar uma opinião sobre o que fazer e como agir. O problema surge quando essa opinião é formada e moldada pela nossa experiência individual e não através de uma base científica e sustentada.
Não é em vão que mais facilmente as pessoas leem artigos baseados na opinião do que artigos científicos, pois tornam-se mais fáceis de compreender. Isto acontece porque quando vamos ler o artigo, este passou pelo filtro pessoal de quem o redigiu, uma espécie de triagem emocional. Por outro lado, também é sabido: se a nossa experiência pessoal se cruza com o que estamos a ler, mais nos faz sentido e mais nos parece condizer o assunto com a nossa realidade.
Se por outro lado, a nossa experiência pessoal é significativamente diferente, então é bastante provável que a nossa opinião sobre o que estamos a ler seja “não faz sentido” ou “é de má qualidade” e colocamo-la de lado.
Costuma-se dizer muitas vezes “fácil falar, difícil é fazer” para diversas situações da nossa vida que nos provocam alguns desafios. Esses desafios parecem sempre muito mais distantes e difíceis numa primeira análise. Depois vamos amadurecendo as ideias, encaixando ações e esse desafio torna-se menor.
Como referi no início, o problema está no modo como encaramos a realidade e que filtro aplicamos. Na terapia, se ela corresponder a algumas das nossas experiências pessoais e se fizer algum sentido, então é porque “é boa”, “resulta” e “faz bem”. Se por outro lado, não se entende, não é lógico ou não se parece com nada daquilo que já possamos ter ouvido dizer, então o melhor é colocar em causa e confrontar diretamente o profissional à nossa frente.
Bom, então como podemos afirmar que é sempre mais difícil fazer?
Se não nos faz “sentido” é entendido pelo nosso sistema de crenças, como errado e por isso existe uma pressão interna para a não-aceitação. Ora, estando em modo de não-aceitação é no mínimo incoerente avançar para um processo terapêutico, pois simplesmente ele não vai dar certo. Não vamos estar emocionalmente disponíveis para nos debruçarmos sobre ele e investir algum do nosso recurso energético.
É por esta (e outras) razões, que certas pessoas aceitam e se adaptam mais facilmente à terapia obtendo resultados fantásticos e superando-se a si mesmo (sim, por vezes pode parecer muito mais fácil dizer do que fazer, mas ainda assim, é sempre mais produtivo tentar fazer algo [ainda que aparentemente difícil] do que manter apenas como ideia e nunca passar disso mesmo).
Adaptação e sentido autocrítico são precisos, para que se dê o tal crescimento pessoal.