Diferentes Tipos de Pessoas, os Mesmos Padrões: Ser Cliente é Ser-Se Especial!

Um dia dei por mim a pensar no que seria se todas as pessoas-cliente com quem pude trabalhar tivessem os mesmos objetivos ou o mesmo perfil, isso seria sem dúvida alguma “uma seca!”.

Tenho-me apercebido ao longo destes anos da existência de diferentes tipos de clientes, embora os seus objetivos por vezes sejam muito próximos. Todos eles procuram em certa parte, melhorar as suas relações com os outros (familiares, amigos e colegas profissionais), mas também a necessidade de superar medos, ansiedades, quadros depressivos e trabalhar sobretudo crenças e pensamentos enraizados que aos poucos têm feito diminuir a sua autoestima.

Pontualmente existem pedidos sobre os quais o tema é mais específico, como questões de divórcio e mudança de emprego. Outros problemas mais complexos também surgem como a existência de violência nas suas relações amorosas. O tema “comportamento” dos filhos também é algo regular nos pedidos de consulta.

Mas não existindo duas pessoas iguais, também não existem dois clientes iguais. Contudo há algo como uma espécie de padrão comportamental em todos eles. Enquanto decorre o processo terapêutico ou seja: inicio, meio e término, parece ocorrer uma tendência para um ciclo padronizado. Este ciclo fez-me chegar a 4 tipos distintos de padrão de comportamento:

1) Cliente “Expetativa” – aquele que marca a sua primeira consulta na esperança que resolva todos os seus problemas. Fazer uma entrevista e uma recolha do historial da pessoa é considerado para este tipo de cliente como uma perda de tempo. O que importa é que o terapeuta lhe diga exatamente o que este quer ouvir (mesmo que isso seja o mais incorreto possível). Se ele não o fizer, o cliente informa que “vai procurar um profissional melhor” e simplesmente, desaparece do mapa sem que seja possível estabelecer qualquer tipo de relação terapêutica duradoura e de confiança. Quando não se está preparado para olhar para dentro de nós, o melhor mesmo é não o fazer.

2) Cliente “Intermitente” – aquele que aparece à primeira consulta extremamente motivado, que sabe todas as teorias ou pelo menos, já leu vários livros e artigos de autoajuda. Pode até ter tido outras experiências terapêuticas, mas nesta fase da sua vida considera que esta é a ideal. Quer consultas bissemanais ou semanais e o tempo de uma hora para uma sessão “é muito pouco”. Considera que tem margem para crescimento e só precisa de um “empurrão” por isso quer saber como tudo funciona. Aprende sem dúvida, muitas coisas novas, aplica-se nas tarefas definidas pelo terapeuta, mas assim que melhora a sua sintomatologia ou pelo menos, evidencia melhoras emocionais começa a romper com regularidade a periocidade das consultas, despassando-as por vezes em várias semanas ou até meses. No entanto, quase sempre retoma de novo à casa partida e o processo tem o seu início, um novo ciclo recomeça.

3) Cliente “Baldas” – considerado como o menos produtivo do meu ponto de vista, é aquele que marca consultas e vai à primeira, mas rapidamente desmarca as outras três e o problema são sempre os outros…os horários, o tempo, os filhos, o carro…enfim tudo serve como desculpa. Não cumpre tarefas, tem dificuldade em respeitar horários, mas depois faz várias tentativas de comunicação fora do seu limite, pode até recorrer-se às redes sociais, emails e outros “estratagemas”. A sua evolução, quando existe, é quase sempre lenificada devido ao rompimento consecutivo da periocidade das consultas. Por outro lado, decide mudar o motivo das consultas, sem abordar o tema com o terapeuta o que dificulta toda a sua gestão. No fundo, este tipo de cliente não está verdadeiramente preparado para o processo terapêutico e é quase como se fizesse uma tentativa de fuga, cada vez que existe alguma microevolução. É sem dúvida, aquele que provoca uma reação de maior desgaste na relação terapêutica.

4) Cliente “Sensacional” – é aquele tipo de cliente que nos surpreende várias vezes ao longo do processo e com quem dá prazer trabalhar. É aquele tipo de cliente que nos desafia a sair da nossa própria zona de conforto, põe-nos à prova de uma forma inteligente e plausível. Colabora nas tarefas propostas, está sempre atento a uma evolução e concretiza os seus patamares. Muitas vezes com dificuldade, esforça-se para cumprir com os timings das consultas e tem progressos brilhantes. Neste tipo de cliente, é possível concluir um fecho de ciclo com sucesso e a gratificação tornasse eminente para as duas partes.

Independentemente destes padrões comportamentais, sem dúvida alguma que o mais interessante é poder em conjunto com cada pessoa, facilitar a compreensão dos seus estados atuais, permitindo tirar o melhor partido do processo terapêutico. Mas…sem uma predisposição do cliente que nos procura não há fatores ou promessas que se possam ver cumpridas, quando o primeiro a boicotar o crescimento terapêutico é o próprio.

Costumo dizer, quem inicia um processo terapêutico vai ter de ter consciência que ele nem sempre é “um mar de rosas”, pois há subidas ingremes e descidas que parecem não ter fim. Porém, os ganhos que se vão tendo superam todas as dificuldades e constrangimentos. Sem dúvida, vale a pena todo o investimento no autoconhecimento de nós, nesse olhar de dentro para fora.

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