Nos dias que correm, cada vez se fala mais em reciclagem e na importância de mantermos o nosso espaço habitacional limpo e organizado. Se nos “incómoda” tanto a falta de limpeza em casa ou no espaço de trabalho, porque não nos lembramos da importância que essa limpeza tem na nossa mente? Mas vamos por partes.
Tantas vezes estamos absortos de tanta coisa na nossa cabeça e a acontecer à nossa volta que nem damos conta da quantidade de informação que dá entrada no nosso sistema. O problema não é tanto o fluxo da entrada, mas sobretudo a sua qualidade. Hábitos, pensamentos, estratégias de coping que vamos colecionando ao longo do tempo e que por diversas razões diferentes deixam de ser úteis.
Claro que esse conhecimento pode ser útil a médio longo prazo, mas a questão aqui é sobretudo outra: será que nos é útil manter esse foco emocional em coisas que não nos fazem falta no nosso dia-a-dia?
Vamos então perceber como podemos aplicar a linguagem da reciclagem na nossa mente.
Reciclar – pegue nos velhos padrões de pensamentos e transforme-os em algo útil e produtivo. Por exemplo, recicle uma experiência traumática em algo que lhe deixe mais satisfeito. Num processo terapêutico que desenvolvi com uma cliente ela simplesmente utilizou a dor de um divórcio precoce e muito doloroso transportando as suas emoções e questões para a escrita criativa. Essa canalização reciclada da forma de utilizar os mesmos factos fez com que se transformasse um trauma numa situação de conforto e de partilha com os outros. Chegou mesmo a organizar um pequeno momento de tertúlia em grupo com pessoas que tinham passado por algo idêntico à sua experiência.
Reusar – reaproveite um hábito negativo e use-o como aspeto positivo. Por exemplo, quando começar a sentir-se ansioso, em vez de canalizar o acontecimento num pensamento negativo, utilize esse sinal como positivo, dando-lhe tempo para realizar alguns exercícios de relaxamento como o controlo de respiração e fazer uma pausa para relaxar.
Composto – use o sentimento de decomposição de uma situação e transforme esse lixo mental em combustível para um novo recomeço. Por exemplo, aproveitar um momento negativo na vida para criar novos projetos e fazer algumas mudanças de crescimento pessoal: “a tristeza alimenta as raízes dos novos rebentos de uma nova vida”.
Biocombustível – transforme a energia negativa num potente composto de energia. Canalize sentimentos de raiva por exemplo, para continuar a lutar pelos seus objetivos.
Doar – Tem algumas questões mentais que nesta fase não lhe servem de muito? Então opte por ajudar outros a superar situações idênticas à sua. Uma boa forma de poder ajudar os outros é dando um pouco de nós. Às vezes basta partilhar a nossa própria experiência para ajudar os outros a sentir-se melhor, experimente!
Lixo – Simplesmente alguns hábitos enraizados na nossa rotina são demasiado tóxicos, sendo por isso necessário “fazer uma limpeza”. Perceber, o que já não faz falta é fundamental, por isso se recomenda muitas vezes um trabalho de crescimento pessoal, pois tal permite limar as arestas do que importa manter na nossa vida e o que precisa ser retirado e atirado para um contentor de modo a tornar a nossa vida mais fluída.
Analise a sua vida, os seus pensamentos e as suas ações: será que todos eles têm um propósito, ou será que é tempo de dar uma lufada de ar fresco?
Adaptado de Taking Out Our Mental Trash