Começo este artigo pela seguinte questão: por acaso tem ideia que o ato de comprar influencia o ego do consumidor?
O ato de tomar uma decisão entre comprar ou não comprar pode contribuir para o esgotamento do autocontrolo que se têm sobre nós próprios.
Qual será o comportamento do consumidor em relação ao consumo de produtos supérfluos ou ditos de necessidades secundárias?
O comportamento do consumidor é influenciado por fatores de mercado, pessoais, sociais, culturais e psicológicos. O consumo pode partir apenas da necessidade comum da pessoa pelo uso ou consumo de produtos ou também, pode ser atribuído aos aspetos comportamentais influenciados pela cultura, motivação, personalidade, ansiedade, rendimento familiar ou individual, expectativas, depressão entre muitos outros fatores.
Não nos podemos dissociar que o consumo é um atributo da sociedade, fazendo parte do mundo capitalista. A “era consumista” , está por si só habituada a consumir muito além do necessário, pois, assim como as industrias não param de produzir, as pessoas estão sempre à procura (mesmo de forma inconsciente) de novos bens para adquirir.
Mesmo que não haja a real necessidade por um bem, as pessoas se deixam-se levar pelo desejo de comprar, seja pela necessidade de acompanhar a tendência da moda, para se sentirem mais integradas socialmente, ou para se sentirem mais felizes e satisfeitas.
A psicologia (como outras áreas do saber) ajuda a explicar o fenómeno do consumismo acreditando na sua essência, que as variáveis psicológicas do ato de consumir, podem estimular um comportamento fútil de estilo de vida ou até mesmo ao desenvolvimento de perturbações psicológicas, nas quais podem fazer-nos sofrer pela falta de controlo e compulsão.
Consumo compulsivo, consumo impulsivo e consumo supérfluo?
O consumo compulsivo é sobretudo motivado por impulsos, sentimentos, tensão, anseios e, pode ser definido como uma resposta incontrolável ou desejo de obter, usar ou experimentar um sentimento, produto ou atividade que leva a pessoa a emparelhar repetidamente um comportamento que pode causar danos a si mesmo ou a outras pessoas. Assim, os compradores compulsivos estão interessados em alcançar interações interpessoais positivas e aumento da autoestima através das suas compras em detrimento ao valor económico ou utilitário.
Tratando-se do consumo impulsivo puro este resulta de impulsos repentinos e poderosos que aliciam os consumidores a adquirir os produtos imediatamente. As inovações tecnológicas e a rapidez e forma comoda de fácil acesso a compras em plataformas online, têm contribuído em larga escala para este tipo de comportamento.
O consumo supérfluo é entendido tendo por base a distinção entre produtos em que considera sendo de luxo e os ditos de necessidades. Um mesmo bem pode ser considerado supérfluo por famílias pobres que auferem rendimentos menores, mas como uma necessidade para as famílias que detêm rendimentos maiores ao nível familiar ou individual, engatando assim, o consumo ao nível dos rendimentos.
O que são bens de consumo supérfluo ou necessidades secundárias?
São produtos que não suprem as necessidades básicas dos consumidores, ou seja, que são adquiridos sem a real necessidade ou que são consumidos em detrimento a um bem essencial.
O consumo pode ser interpretado como o ato ou o efeito de consumir, é um fator de sobrevivência biológica, ainda que faça parte ativamente do psicológico das pessoas e se situe entre as mais básicas e retomas atividades do ser humano.
É imaginável viver sem produzir, mas viver sem consumir mostra ser uma situação bastante difícil, uma vez que o ser humano depende do consumo (bens necessários) para garantir sua sobrevivência. O comportamento de consumo é instável e contínuo, não se limitando apenas ao momento específico do ato da compra, podendo durar vários dias, semanas, meses e anos.
A maioria das pessoas dispensa o esforço necessário para tomar uma decisão satisfatória, não se importando se tal decisão seria benéfica. Por esta razão, muitas vezes a decisão é baseada em sentimentos, tornando-se mais fácil para o consumidor escolher, sem muito “esforço”, um produto que lhe agrada, ao invés de avaliar e raciocinar a cada decisão de compra.
O comportamento humano é dirigido tanto por emoções quanto por pensamentos.
Nada muda na mente, a menos que uma emoção seja ativada. A emoção é que faz com que a mente seja alterada. Por isso, as emoções positivas e negativas influenciam de forma diferenciada o nosso comportamento. A emoção é que faz com que a mente se reorganize, pois ela influencia diretamente a nossa cognição (memória, aprendizagem, razão, comunicação) de acordo com a sua intensidade e valor.
Os últimos estudos apontam para quanto maior a idade do indivíduo, maior será o controlo, isto é, menor será a tendência em realizar compras por impulso.
No entanto, ainda não existe um consenso quanto ao comportamento de consumir se varia entre o género masculino ou feminino, acreditando-se que este não influencia o comportamento do consumidor nas compras sem um planeamento. No entanto, é possível afirmar que existe uma inclinação para o género feminino para o consumo impulsivo.
Também sabemos que quanto maior o poder de compra, maior a impulsão para consumir.
Retirado e Adaptado de: A Psicologia Económica na Análise do Comportamento do Consumidor (2017)