Todos nós sabemos que ter um emprego contribui diretamente para a saúde psicológica, aumenta a autoestima, o sentimento de competência e o bem-estar geral.
No entanto, nem sempre as condições laborais e os horários praticados são os mais adequados podendo assim prejudicar gravemente a saúde quer física, quer psicológica.
Vários estudos demonstram, principalmente em pessoas que trabalhem no horário noturno e/ou turnos, que estes trabalhadores ficam mais vezes ausentes por motivo de doença, manifestam níveis mais baixos de produção e eficácia. Logicamente, é possível confirmar que trabalhar por turnos e/ou no horário noturno tem consequências negativas para a saúde psicológica.
O stresse causado pela dificuldade em conjugar a vida profissional com a vida pessoal, isto é, a dificuldade em equilibrar o lazer e o tempo mínimo necessário de descanso, contribui para o aumento de stress como sintoma negativo. É por isso importante estar ciente que ter uma gestão de vida equilibrada entre o contexto familiar, pessoal, lazer e o profissional é fundamental para a saúde psicológica.

Consequências para a saúde física e psicológica do trabalhador por turnos e/ou horário noturno:
Sono e alterações nos ritmos circadianos – O ritmo natural do ser humano é o diurno, quando se verificam no entanto alterações forçadas desse ritmo, existem implicações diretas, em particular insónia, fadiga, sonolência, irritabilidade, alterações digestivas, alterações cognitivas e perturbação do sono.
Saúde Psicológica – pela pressão e stresse na dificuldade de gestão entre a vida pessoal (principalmente com a esfera parental) e a vida profissional surgem associados sintomas graves de ansiedade e depressão.
Saúde Física – no que respeita o impacto na saúde física de uma maneira geral, estão sobretudo associadas as perturbações gastrointestinais, as doenças cardiovasculares, problemas reprodutivos e até o aumento do aparecimento de cancro.
Muitas vezes o trabalho por turnos e/ou noturno é o único trabalho possível e nesse sentido, há que tomar algumas estratégias, por exemplo:
– Estar atento à sua saúde: a melhor forma de o fazer é fazer um chek-up pelo menos uma vez ao ano para verificar como estão os seus níveis globais de saúde. Quanto mais cedo se detetar uma alteração mais eficaz é a intervenção.
– Estabelecer metas reais e exequíveis a médio e longo prazo: por exemplo, começar a aprender uma atividade nova, planear fazer uma mudança de casa, fazer algumas alterações em casa. Ler um livro, assistir a um filme, a um espetáculo, prepara um fim-de-semana diferente com a família.
– Privilegiar os momentos de lazer sempre que possível: é fundamental equilibrar a vida profissional com a vida pessoal. Muitas vezes a fadiga e a irritabilidade provocam um afastamento por parte de terceiros (amigos, familiares, colegas de trabalho) ou a própria pessoa pode apresentar uma maior tendência para o isolamento social, privilegiando refugiar-se em casa ou assumir sempre as mesmas rotinas diárias. É importante, forçar-se a ter momentos de convívio com a família, amigos e ter tempo para si mesmo. Dedicar tempo a fazer coisas que nos dão prazer é muitíssimo importante.
– Atividade física: é importante manter o corpo ativo fora da rotina diária. Uma caminhada ao final do dia pode ser uma boa forma de aliviar a mente e o corpo, uma ida à piscina, ao ginásio por exemplo.
Se precisar de ajuda para redefinir metas/prioridades e encontrar um caminho que lhe seja mais favorável entre em contato clicando aqui.
Retirado e adaptado de: Ordem dos Psicólogos Portugueses (2018). Contributo OPP – O trabalho Nocturno e por Turnos Enquanto Riscos Psicossociais. Lisboa.