Crianças e Divórcio: Sofrimento ou Alívio?

Em 2009, estimava-se que nos Estados Unidos da América e na Europa, entre 30 a 50% das crianças, sofriam com as consequências da separação dos pais.

Sabe-se que o divórcio é um fenómeno bastante complexo e que dependendo da forma como é gerido, pode ter repercussões catastróficas para a criança. Contudo, estudos mais recentes apontam para que não se verifiquem diferenças significativas em relação à criança que não passou por uma situação de divórcio dos pais e outra que tenha passado, isto porque a longo prazo a criança tende a recuperar deixando de se observar essa diferenciação. Embora numa fase inicial existe um impacto alto.

As investigações sobre esta matéria identificaram que os rapazes e as raparigas têm formas diferentes de reagir ao divórcio dos pais. Os rapazes manifestam uma maior probabilidade de reagir agressivamente. As raparigas têm tendência para internalizar a sua angústia, expressando-a de forma mais subtil ou através de pequenos picos de cólera.

No processo de divórcio muitas crianças são afetadas pelo fato de se sentirem afastadas de um dos elementos que é o pai ou a mãe. Quando as crianças são muito pequenas, podem entender que os pais se estão a separar por sua causa. Na adolescência essa interpretação é mais clara e os motivos que levam ao divórcio são interpretados de forma diferente, mais madura, mesmo que possam não a aceitar.

Se existe um conflito grave e constante entre as figuras cuidadoras, o melhor é que se dê esse afastamento em função da melhoria a médio-prazo do bem-estar da criança. Se o divórcio ocorre por motivos menos conflituantes, a criança se muito pequena, terá dificuldade em compreender e aceitar os motivos que levam os pais a uma separação.

Do ponto de vista da criança existe o medo de ficar só, desprotegido ou o risco de não se voltar a ter contato com o outro. É pois importante que os pais esclareçam a criança sobre o que vai acontecer para que o stress e a ansiedade provocada possam diminuir.

Na adolescência pode ser mais difícil aceitar uma separação se os pais manterem uma relação cordial à sua frente. No caso de existência de conflito, o adolescente terá tendência a expressar sentimentos de ambivalência e até por vezes de indiferença, o que torna mais difícil a compreensão por parte dos pais.

Uma passagem para a família monoparental ou reconstituída leva sempre a que existam alguns reajustes, que são totalmente aceitáveis do ponto de vista funcional de um novo conceito de família que agora se forma.

Apesar de existir sempre um grande sentido negativo quando se aborda as consequências do divórcio para as crianças, a verdade é que na investigação, alguns autores defendem que a separação é meramente conjugal, podendo até contribuir para o desenvolvimento da resiliência e ajustamento positivo por parte da criança, defendendo mesmo que não se verificam consequências na integração social.

Não nos podemos esquecer que o divórcio também tem consequências negativas para os adultos envolvidos e que geram sempre momentos de grande tensão. Contudo, os comportamentos dos adultos em relação ao divórcio também podem ser muito diferentes, pois existem outras componentes que exercem a sua parte de influência, como a duração do casamento, a idade do adulto quando este teve lugar, a situação laboral e financeira de cada um dos seus elementos, a raça, a etnia e o suporte social de que cada um dispõe.

Do ponto de vista da criança, o divórcio dos pais é em grande maioria o primeiro impacto negativo mais significativo na vida desta. Algumas vezes imprevisível, transformando sentimentos anteriores em ansiedade, medo e angustia. Verifica-se uma alteração drástica na rotina da criança e é preciso tempo para a adaptação à nova realidade.

A escola, ou melhor, a mudança dela é uma consequência direta do divórcio. De um momento para o outro a criança necessita mudar de escola e afastar-se dos seus amigos, o que pode ser um momento muito delicado e difícil de gerir.

Consequências do divórcio na criança:

– Ansiedade

– Depressão

– Problemas Escolares

– Alterações no sono

– Preocupação exagerada

– Hostilidade

A idade e a maturidade da criança são questões que pesam, sobretudo em relação ao modo como esta vai responder à nova organização familiar.

As crianças mais velhas e os adolescentes (10 a 18 anos), tendem a demonstrar mais sentimentos de raiva e depressivos durante o divórcio dos progenitores do que as crianças mais novas” (Henning & Oldham, 1977).

 

Consequências do divórcio na adolescência:

– Delinquência (roubar, mentir)

– Dificuldades de aprendizagem

– Fobias

– Alterações alimentares

– Alterações de sono

– Isolamento

– Depressão

– Hostilidade

– Fuga ou tentativa de fuga

Num estudo de Wallerstein e Lewis que envolveu 131 crianças entre os 3 e os 18 anos, chegaram à seguinte conclusão: As crianças recuperam em média 2 anos após a ocorrência do divórcio dos pais, se possuírem três bases fundamentais de apoio:

1 – Os pais são capazes de resolver as suas diferenças sem conflitos.

2 – Verifica-se a partilha quanto aos custos inerentes à educação.

3 – A criança mantém ao longo do tempo contato de qualidade com o pai e com a mãe.

Importa sobretudo que os pais clarifiquem com a criança que apesar da sua separação, continuaram a manter a mesma atenção e amor por ela. Devem fazer um esforço acrescido para demostrar que estão disponíveis para responder às suas questões e que estarão presentes para ajudar a superar esta novo ciclo de vida.

 

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