O Acompanhamento Psicológico
O acompanhamento psicológico tem como linhas gerais colaborar na melhoria da adaptação da pessoa a uma situação que esteja a ocorrer no presente, através do aperfeiçoamento das suas competências pessoais que envolve sobretudo o autoconhecimento, a autoajuda e por fim a autonomia.
Em última instância, o objetivo central é impulsionar o bem-estar psicológico e a aquisição de uma autonomia capaz de superar as dificuldades e problemas identificados ao momento, é pois uma intervenção que se caraterizada como sendo de curta duração e centralizada na ação.
A longo prazo e de forma contínua os ganhos são significativos na pessoa e facilmente são identificadas modificações salutares quanto ao seu estilo de vida. A pessoa vai-se sentindo cada vez mais capaz de lidar e ultrapassar os seus próprios problemas, daí o fato de ser considerada uma intervenção a curto prazo pois, se a pessoa fizer cumprir com o pressuposto, os ganhos são verdadeiramente incríveis na mudança e crescimento pessoal, para tal pesam as expectativas quanto ao acompanhamento.
As Expectativas
As expectativas são um aspeto muito importante a ter em atenção neste tipo de terapia. A expectativa que se tem quanto ao acompanhamento antes do início deste pode ser crucial para os resultados que se pretendem atingir.
Se existe uma forte resistência para a mudança é natural que o processo seja interpretado pela pessoa, como algo que causa mal-estar. O que acontece em muitos casos é que as pessoas desistem da terapia ainda numa fase inicial, ou porque trazem uma expectativa das consultas que de todo não correspondem à realidade ou, por outro lado, observam uma melhoria geral do seu bem-estar fazendo com que tenham uma falsa sensação de superação.
É por isso importante que o primeiro passo do acompanhamento psicológico seja compreender e desmistificar as expectativas criadas em torno da terapia e a resistência à possível mudança interior.
“Os estudos científicos sobre a eficácia do acompanhamento psicológico demonstram que no domínio pessoal e social, o acompanhamento com recurso a técnicas cognitivo-comportamentais conduzem a melhorias significativas no comportamento, dado que os indivíduos têm tendência a aumentar a sua autoestima e passarem de um locus de controlo externo para o locus de controlo interno.”
A questão do locus de controlo é central. Quando falamos de locus de controlo falamos na crença, expetativa, perceção que a pessoa tem no controlo que possui sobre os acontecimentos de vida. Uma pessoa com um locus de controlo externo significa sobretudo que a pessoa crê que os seus comportamentos não podem ser modificados, pois dependem de um controlo ou condição externa a si.
Pelo oposto, um locus de controlo interno requer a sensibilidade de que existe um controlo interno que todos podemos ter sobre as situações e que podem drasticamente, fazer uma alteração no seu resultado.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
Existem diferentes tipos de terapias consoante o motivo, a disponibilidade temporal e financeira e o enquadramento dado. A TCC é muitas vezes utilizada no acompanhamento psicológico por se verificar ao longo dos anos os bons resultados que apresenta, no que respeita a obtenção do equilíbrio eficaz na pessoa. É uma terapia objetiva, ativa e semi-diretiva, estruturada e limitada no tempo. Centra-se sobretudo nas competências cognitivas, emocionais e comportamentais da pessoa.
Consoante os objetivos a atingir e a motivação da pessoa para a mudança, assim pode variar o tempo de intervenção, se de curta ou longa duração. Algumas pessoas apresentam uma motivação extraordinária para o processo de mudança e acabam por ser elas próprias agentes facilitadores do processo, não existindo necessidade de uma intervenção de longo prazo, por apresentarem uma resposta eficaz na terapia.
Como todas as pessoas são diferentes e únicas, o que tenho vindo a observar no consultório é que por vezes as pessoas chegam com determinadas expetativas e apesar de sentirem que é necessário alguma mudança, a verdade é que resistem fortemente a ela. É pois, o primeiro foco de trabalho – preparar a pessoa para a mudança necessária, para que se possa atingir o objetivo pretendido.
Posteriormente, é feito todo um percurso que respeita o ritmo da pessoa e por isso, não existem tempos rígidos de execução da mesma, apesar de existirem algumas recomendações neste sentido. A periodicidade e continuidade das consultas é também parte importante para a obtenção desses mesmos ganhos.
Através da TCC é possível aplicar um conjunto de estratégias para a transformação de:– Pensamentos distorcidos
– Comportamentos disfuncionais
– Desenvolvimento de competências interpessoais
– Prevenção de doenças mentais
A TCC assenta no pressuposto: “modificando os padrões cognitivos da pessoa, ocorrerá uma melhoria significativa no funcionamento global da mesma, alcançando a mudança terapêutica”.
Na TCC a pessoa é parte ativa do processo, o terapeuta irá trabalhar em conjunto com a pessoa com o intuito de delinear e aplicar estratégias de forma a encontrar soluções que satisfação a própria pessoa e permite a resolução do problema identificado. São para tal, utilizadas um conjunto de técnicas que o terapeuta dispõe e que aplica e/ou ensina a pessoa a aplicar no seu dia-a-dia.
Muitas dessas técnicas centram-se nas teorias da aprendizagem e na contribuição da psicopatologia cognitiva, com a aplicação de atividades que são desenvolvidas ao longo do percurso terapêutico, nomeadamente, identificação de pensamentos negativos e as suas consequências; análise das distorções cognitivas; desconstrução de crenças; desenvolvimento de estratégias para lidar com os pensamentos negativos.
Retirado e adaptado de: Sílvia, E. (2014). A intervenção psicológica na criança e no adulto. Lisboa [s.n.]. Relatório de Estágio apresentado à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Lusíada de Lisboa para obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clínica, pp: 41-48