Alguma vez pensou na quantidade de coisas que tem de saber diariamente? O seu nome, o lugar onde vive, o código do multibanco, o nome dos seus colegas de trabalho, o sítio onde nasceu, o caminho para a creche o seu filho, como foi a sua infância e milhares de outras informações!
Uma coisa que nunca nos lembramos é que essa quantidade de coisas está sempre presente em nós. A forma como falamos, como comunicamos, como formulamos as nossas ideias e as opiniões mais concretas sobre determinado assunto, é o resultado de uma coleção de aprendizagens. As suas aprendizagens ao longo da vida vão se acumulando como uma espécie de “bagagem mental”.
O que é a “Bagagem”?
Por definição e, em grosso modo, podemos ter como sinónimos: carga, equipamento, peso, malas, tralha. No entanto, bagagem também significa conhecimento, experiência, prática, perícia. Quando coloco a expressão “bagagem” quero que tenham em mente uma mala muito grande que transporta às costas todos os dias. Não como a expressão “trazer um fardo às costas”, mas no sentido da quantidade de informações que retemos ao longo da nossa vida e precisamos saber gerir eficazmente, para rentabilizar o nosso crescimento pessoal.
Se pensarmos na “bagagem” como o resultado do nosso desenvolvimento pessoal, poderíamos fazer uma pergunta simples: será que ainda existe espaço na sua bagagem?
Ao longo do tempo vamos colecionando imensas informações, umas positivas, outras negativas, algumas úteis, outras nem por isso. Frases de determinadas pessoas, comportamentos, viagens, sons e cheiros.
Vamos acumulando essas informações na nossa “bagagem mental”. Esse acumular dá origem a uma “bagagem” pessoal rica em detalhes personalizados. Não existe por isso duas “bagagens” totalmente iguais (quem sabe se num futuro próximo será possível replicar, para já só partes, como os órgãos artificiais…).
A nossa bagagem interna é anti-cópia, não se fabrica duas vezes.
A “Bagagem” e a Viagem
Quando vamos viajar, colocamos na mala aquilo que nos faz sentido, para além de roupa seguem os objetos pessoais: um livro, o ipod, um caderno, uma caneta, um outro objeto como uma fotografia. Por norma, quando regressamos dessa viagem trazemos mais alguma coisa, uma recordação que pode ser um objeto, mas também trazemos uma recordação mental e emocional. As novas imagens, criadas dos lugares que visitámos ou o cheiro característico de uma determinada comida, fica eternamente a fazer parte da nossa coleção. Somos por isso, colecionadores extremamente sensíveis e por vezes, obsessivos.
Ao longo da nossa vida acontece exatamente o mesmo. Vamos aprendendo e acrescentando ideias às iniciais, por vezes, mudamos outras. Quando chegamos a uma fase avançada da vida, temos imensas coisas colecionadas na nossa bagagem. Deixamo-nos de importar com coisas que nos deixavam loucos em outros tempos. É como ir ao mesmo sítio duas vezes. Se visitou um primeiro lugar, na primeira vez vai querer trazer consigo muitas lembranças, tirar muitas fotografias para mais tarde recordar. Se for lá a segunda vez, até é possível que traga mais alguma coisa, mas a probabilidade de isso acontecer é menor. Se esse lugar se tornar numa rotina/num hábito, é difícil que queiramos trazer algo para nós. Normalmente o que fazemos é trazer algo para dar a terceiros.
Arrumar a “Bagagem”
Arrumar uma bagagem deve ser um processo pensado e criterioso. Ao longo da vida, existem momentos que nos obrigam a vasculhar dentro dela para encontrar algo que “perdemos”. Por vezes sentimos algum receio em faze-lo, pois podemos encontrar coisas que não queremos voltar a recordar. Ninguém quer voltar a tocar num assunto que o magoou drasticamente ou que provocou uma mudança radical na sua vida. Ainda assim, é necessário dedicar um certo tempo a essa arrumação.
Quando regressa de viagem uma das coisas que sabe que terá de fazer mais cedo ou mais tarde é desfazer as malas! Quando deixamos um assunto pendente…deixamos a nossa “bagagem” nesse mesmo estado. Não queremos tocar nela, temos receio em nos magoarmos. Sabemos que um dia vamos ter de arrumar essa “bagagem” dessa viagem que queremos esquecer, no entanto vamos adiando e adiando esse momento. Vamos fugindo a esse tema, evitamos colocarmo-nos no centro dele. Esperamos inconscientemente se não falarmos nele, não temos de o enfrentar.
No entanto, é fundamental ter a preocupação em conservar o mais possível essa “bagagem interna” organizada. É uma vantagem emocional muito grande. Pois para além de nos manter cientes do nosso passado, conscientes do presente e capazes de delinear um objetivo futuro (sim, também é possível perspetivá-lo), permite-nos uma maior aptidão para encontrar um equilíbrio e sobretudo, mante-lo.
Conhecer a nossa própria “Bagagem”
É importante conhecermos a nossa bagagem para que a possamos utilizar em pleno, devemos por isso fazer um esforço para manter os pensamentos organizados. Pense nisto: se vai viajar e pediu a outra pessoa para organizar a sua própria bagagem, é normal que esteja arrumada de forma diferente e até pode correr sérios riscos de não conter todos os objetos que queria levar e vai certamente necessitar. Agora imagine que precisa de algo que sabe à partida que consigo nunca ia faltar…não lhe traria algum desconforto se soubesse que não fazia ideia se ela estaria ou não na sua bagagem?
Se deseja fazer uma mudança na sua vida e tem procurado faze-lo, para além de um pensamento focado, comece por organizar a sua “bagagem mental”. Ninguém está disponível para a mudança se sentir a sua “bagagem” desorganizada.
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