Sabia que o Sistema Start&Stop Existe na Terapia?

O sistema Start&Stop consiste na interrupção abruta da energia de um automóvel para que ele possa fazer consumos mais baixos. No entanto, algumas empresas e estudos existentes à volta desta forma de gerir os consumos de combustível também vieram chamar à atenção para o fato desse sistema, ser prejudicial para a rapidez no ligar e desligar do motor. Contudo, nos últimos 40 anos muito desenvolvimento e aperfeiçoamento tecnológico têm existido, tornando-o mais eficaz, eficiente e amigo do ambiente.

Como é que o sistema start&stop acontece na Terapia?

O sistema start&stop existe quando uma pessoa está sistematicamente a ligar e a desligar-se da terapia. Contrariamente aos desenvolvimentos tecnológicos e à sua capacidade de poupança que este sistema ajuda a rentabilizar, o mesmo não podemos fazer quando se tratam de pessoas. Seria bastante interessante se conseguíssemos ligar e desligar o nosso sistema interno cada vez que nos deparássemos com uma paragem e tivéssemos oportunidade para poupar a nossa energia cerebral.

Porque é que o sistema Start&Stop Simplesmente Não funciona em Terapia?

Tomar consciência que não se está bem e que algo nos afeta, aceitar o que os outros (familiares e amigos) possam dizer-nos sobre o nosso estado geral, aceitar que precisamos de ajuda, procurar a ajuda mais adequada (e não a que é mais fácil), marcar consulta, ir à primeira consulta, faz tudo parte do caminho a fazer até decidirmos que basta de sofrer e que queremos fazer muito mais para a nossa felicidade. Mas não é aqui que o problema começa.

Uma grande parte das pessoas de fato dá início à terapia (Fase Start), contudo após poucas sessões de terapia (duas a três) as pessoas começam a sentir-se melhor, sentem por vezes um efeito placebo muito fácil de atingir “já me sinto melhor, já sei o que fazer”. Depois existe um outro lado, que é essencial: o fato de existir empatia entre o psicólogo e o cliente e essa empatia, não é conquistada na primeira consulta, ao contrário das expetativas normalmente criadas em torno do mito: consulta psicológica, terapia, acompanhamento terapêutico… a primeira consulta causa estranheza, muita ansiedade e desconforto. Existem muitas expetativas à volta dessa primeira vez.

Quando a pessoa começa nesse efeito placebo há uma tendência generalista em romper e pôr fim ao processo terapêutico, entrando numa Fase Stop. A pessoa sente-se melhor, sente que foi capaz de reconhecer com alguma facilidade e rapidez o ponto-chave da problemática que pretende compreender ou resolver e decide interromper, por um período longo ou “definitivo” a terapia.

Que Consequências a FASE STOP trás para o Nosso Sistema Interno?

Depois de dar inicio às consultas de psicologia, ao chamado processo terapêutico, quando assim é necessário, são levantados diferentes olhares, identificados diferentes pontos e definido um plano de trabalho conjunto e as metas a alcançar. O que não se vê por vezes não é reconhecido, infelizmente, ao longo das consultas, isso acontece algumas vezes.

As fases são desvalorizadas e existe uma forte vontade em obter resultados instantâneos na terapia, numa terapia de qualidade isso não existe. Mesmo que a duração seja mais curta ou seja, a pessoa é capaz de fazer as suas mudanças e encontrar o seu equilíbrio num tempo considerado curto (depois varia consoante o ponto de vista de cada um) é preciso tempo, o tempo certo da pessoa.

Costumo dizer em consulta que o mais importante é o foco e os passos que se vão dando em direção ao que a pessoa pretende atingir, descobrir, compreender, mudar. Não existem duas pessoas iguais, mesmo que as histórias sejam muito semelhantes. No trabalho que desenvolvo, cada pessoa é uma pessoa, é única. Cada processo terapêutico é personalizado e ajustado ao que a pessoa pretende e aos objetivos que se traçam. Não existem falsas promessas com datas específicas, ainda que se definam e tracem objetivos concretos e tempos esperados. Sabemos que traçar objetivos, estabelecer metas e definir prazos é crucial, mas na terapia não queremos causar um impacto embaraçoso e frustrante na pessoa, faze-la sentir que o tempo que definiu é demasiado ambicioso para a mudança que quer atingir. Devemos ser sobretudo realistas e isso é uma negociação que é feita entre as partes, avaliando as diferentes fases e redefinindo prioridades caso seja necessário.

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A terapia é pois um processo dinâmico, ao psicólogo cabe o papel de interpretar o que a pessoa transmite e devolver as ideias à pessoa por diferentes vias. O objetivo final da terapia é que a pessoa se sinta em equilíbrio consigo mesma, aprenda e desenvolva ferramentas psíquicas para lidar com os desafios do dia-a-dia e seja capaz de construir o seu caminho.

Portanto quanto mais strart&stop existir na terapia, maior é a probabilidade de desgaste no sistema cerebral. O nosso sistema precisa de algum tempo para se reajustar e funcionar em pleno. Para aceitar novas ideias, novas formas de pensar. Uma sessão de psicologia pode ser muito desgastante para o sistema interno, não queremos obrigá-lo a estar aleatoriamente e a ritmos diferentes a ativar e a desativar. O nosso sistema humano lida mal com a imprevisibilidade, não lhe queremos deixar ainda mais cansado e desgastado do que antes.

Aqui fica um conselho: da próxima vez que pensar em fazer STOP no seu processo, pense e avalie as consequências disso, partilhe com o seu terapeuta, ele melhor do que ninguém saberá responder-lhe.

Para agendamento de consultas ou outras informações clique aqui.

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