É um fato incontornável: existem muitas informações sobre a depressão, inúmeros livros e muitas opiniões, umas baseadas em experiências de 1ª mão, outras apenas baseadas em mitos. Este artigo é para aqueles que rapidamente querem saber algo sobre o assunto ou que queiram ajudar alguém que conhecem. É também para um alerta para todas as pessoas que enfrentam diariamente esta situação, possam sentir-se pela primeira vez movidas a fazer algo por elas próprias.
O que é a depressão?
A depressão é um estado emocional que afeta significativamente a capacidade de funcionamento da pessoa, provocando alterações somáticas e cognitivas, com presença de humor triste e um sentimento de vazio e/ou irritabilidade.
Quem de nós nunca se sentiu triste? Quem de nós nunca se sentiu vazio por dentro? Quantos de nós pensámos sobre morte?
Existem múltiplas caraterizações e combinações dos sintomas, resultando em perturbações diferentes. Considera-se que existe uma perturbação de depressão se estiverem reunidos um conjunto de características e que persistem por um determinado tempo. Não são estados naturais que resultem de situações específicas, ainda que mesmo nestes casos, deva ser cautelosamente analisado por um especialista, por exemplo nos casos de luto, perda repentina de emprego ou conhecimento de doença grave.
Quais os tipos de perturbação à data definidos?
– Perturbação disruptiva da desregulação do humor
– Perturbação depressiva major
– Perturbação depressiva consistente (Distimia)
– Perturbação disfórica pré-menstrual
– Perturbação depressiva induzida por substâncias/medicamentos
– Perturbação depressiva devido a outra condição médica
– Perturbação depressiva não específica
– Outra Perturbação depressiva específica
A depressão pode afetar crianças e adolescentes?
Sim, as crianças e os adolescentes até aos 12 anos podem ser diagnosticados com perturbação disruptiva da desregulação do humor, mas nas crianças a forma como se expressa é diferente, elas podem ter maiores episódios de descontrolo comportamental extremo, irritabilidade persistente, ficarem mais agressivos ou procurarem o isolamento social.
Qual o tipo mais persistente?
Identifica-se que a perturbação depressiva major é a mais recorrente e é identificada por episódios de pelo menos duas semanas de duração que englobam alterações claras no afeto, na cognição e nas funções neurovegetativas, isto é, respiração, circulação sanguínea, controlo da temperatura e sistema digestivo.
No entanto a perturbação depressiva consistente, mais conhecida por distimia, é definida por um quadro crônico de depressão que persiste por pelo menos dois anos em adultos e um ano em crianças.
O que muda na depressão major?
Os sintomas persistem por pelo menos duas semanas e devem incluir ou um humor deprimido, isto é sentir-se triste, vazio e sem esperança que ocorrem na maior parte do dia e quase todos os dias. Por outro lado, a perda de interesse ou prazer em atividades de vida diária. No caso das crianças e adolescentes podem observar-se alterações para um humor irritável.
As pessoas por norma experienciam ganhos ou perdas significativas de peso, que estão interligadas com a redução ou aumento da vontade no seu apetite. As alterações no sono são também observadas com insónias ou hipersónia (sonolência excessiva) quase todos os dias. As pessoas sentem-se claramente com falta de energia ou uma fadiga que persiste. Os sentimentos de culpa excessiva começam a aumentar e verificam-se igualmente sentimentos de inutilidade. Com todas estas alterações a pessoa sente-se com menor capacidade em pensar e tomar decisões, a concentração fica significativamente alterada.
Quando a situação se torna como um efeito de bola de neve, surgem os pensamentos cada vez mais recorrentes sobre a morte. Não estamos a falar aqui somente sobre o medo de morrer, mas sobretudo sobre a vontade e tentativa de suicídio.
A depressão é um problema sério que afeta 300 milhões de pessoas por todo o mundo (OMS, 2017). A grande maioria das pessoas tende a desvalorizar os sintomas, achando sempre que um dia vai mudar ou que é uma coisa passageira. No entanto, os sintomas vão persistindo a energia vai-se esgotando cada vez mais e por vezes, chegasse mesmo a um desânimo aprendido da situação. As pessoas que sofrem com a depressão querem muito mudar e reverter a situação, porém sentem-se cada vez menos capazes, a bola de neve vai sendo cada vez maior. A grande maioria das pessoas também não quer ir ao médico com receio em tomar medicação, devido á questão de se ficar “agarrado” ou “dependente” do fármaco.
Importa esclarecer que por vezes a medicação é mesmo essencial, em casos mais graves ela deve ser altamente ponderada e avaliada da sua necessidade. Mas um bom tratamento é aquele que inlcui a psicologia. Os fármacos sim, podem ser bastante válidos para atenuar sintomas mas não servem para curar. Com a terapia é possível aprender a gerir os momentos e trabalhar no sentido de os minimizar para que se assuma o controlo sobre a situação.
Quanto tempo dura a terapia?
Não existe um tempo certo, cada caso é um caso. Existem pessoas que pelo seu quadro clinico conseguem sentir-se totalmente bem sem recaídas. Existem pessoas que rompem com a terapia de forma brusca na fase em que se vão sentindo mais seguras, porém regressam após poucas semanas. Existem pessoas que depois de ultrapassado a questão da depressão, mantém a terapia pelo facto de necessitarem de ajuda para se superarem a cada dia, tornando-se num crescimento interno muito intenso e gratificante.
Acima de tudo é necessário ter em conta um aspeto: nada de ganha sem esforço, mesmo até na terapia. A terapia pode ser muito exigente, mas no fim sentir-se-á bastante mais leve e esse peso da tal bola de neve desaparece.
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