Nem sempre a vida nos corre como esperado e podemos ver-nos obrigados a ter de lidar com situações adversas. Por não termos controlo sobre todos os acontecimentos da nossa vida, pode tornar-se muito stressante gerir acontecimentos inesperados.
Quando esses acontecimentos começam a aparecer sucessivamente tornando-se numa bola de neve gigante, começamos a colocar em causa as nossas ideias, as nossas atitudes, como fomos capazes de dizer ou fazer alguma coisa. Faz-nos pensar, que tipo de pessoa somos e que futuro temos à nossa frente.
Não é fácil ser-se confiante perante todos os desafios da vida, mesmo que em certa parte, alguns deles se tenham tornado num hábito recorrente. Aprendemos a comportamo-nos, a reagir, utilizando um mesmo padrão. Quando esse padrão se torna negativo e pessimista, estamos a alimentar diariamente pensamentos também eles negativos sobre nós próprios e sobre as nossas capacidades.
A médio/longo prazo a acumulação de desgaste começa a criar fragilidades emocionais, pois faz-nos sentir sistematicamente postos em causa, frustrados e fatigados. Sentir-se depressivo é um estado natural face às adversidades vividas nos últimos momentos.
Devemos ter em conta que o tempo climatérico, cinzento, frio, chuvoso e associado à tristeza pode de fato ajudar no aumento dessa sensação de depressão. Estudos indicam que o ambiente climatérico, influência os estados emocionais das pessoas, sendo que umas são mais sensíveis a estes estímulos do que outras.
Quando está sol, existe luz e as reações químicas provocadas no nosso organismo libertam um conjunto de hormonas que nos ajudam a estar mais bem-dispostos. No entanto, quero deixar claro que esta não é uma questão linear. Existem de fato pessoas que com o tempo chuvoso se tornam também elas mais fechadas em si mesmas e mais tristes, com sintomas depressivos. No tempo quente e com maior intensidade de luz solar, também há quem se sinta triste, portanto muita atenção ao fazer uma análise a estes dados.
Com o tempo chuvoso temos tendência a ficar mais aconchegados, a sentir-nos abraçados, envoltos em mantas e de preferência no sofá a beber um bom chá, chocolate quente ou café. No tempo quente, ou com muita luz solar, sentimo-nos estimulados a sair de casa e a passear. É quase como se a uma parte da nossa vontade, hibernasse no tempo frio e chuvoso e aos poucos, com o aumento da luz solar, sentimo-nos preparados para encarar a vida.
Quais os sintomas quando se está depressivo?
– Vontade em estar sozinho, no nosso canto, na nossa zona de conforto.
– Falta de vontade para fazer tarefas de rotina diária.
– Sensação de desconforto físico.
– Pensamentos negativos “não vale a pena”, “vai correr mal”.
– Pensamentos de indiferença “não quero saber”, “é me indiferente”.
– Fuga a compromissos sociais (jantares de aniversário, almoços de equipa).
– Diminuição da atenção/concentração no trabalho ou em atividades mais exigentes.
– Diminuição ou ausência de atividades de lazer.
– Dificuldade em obter prazer em atividades que anteriormente tinham esse feito.
– Alteração de humor.
– Alterações no sono.
– Alterações no apetite.
– Cansaço não justificado por causa aparente.
– Pensamentos sobre a morte.
Esteja em alerta! Quando os sintomas persistem por mais de 6 meses, é importante recorrer a um especialista, pois pode estar perante um quadro de depressão major. Quanto mais precocemente intervir, mais eficaz pode ser o tratamento, no entanto existem muitas outras coisas que podemos fazer para não deixar arrastar essa sensação de desapego à vida.
O que pode fazer para ultrapassar essa sensação de desapego à vida?
Definir objetivos: é muito importante definir objetivos, mesmo que sejam considerados “insignificantes”. Os objetivos mesmo com um grau de exigência menor, obrigam-nos à ação. Isto é, funcionam como uma força motriz de cumprimento de alguma coisa que dissemos “que íamos fazer”.
Os objetivos têm de ser contudo claros, simples, realistas e alcançáveis, se não, rapidamente perdem o nosso interesse. Por exemplo: quer começar a fazer alguma atividade física mas já teve várias vezes inscrito(a) no ginásio mas não põe lá os pés. Bom, talvez deva começar por compreender que nem todas as pessoas gostam do ambiente dos ginásio, sentem-se desconfortáveis e têm muita vergonha de fazer “figura de parvo(a)”. Fazer atividade física pode ser muito mais do que ginásio: fazer um passeio sozinho(a) ou acompanhado numa zona agradável é fazer atividade física. Pôr a mochila às contas com um lanchinho e ir à descoberta das riquezas de uma cidade é fazer atividade física com componente turística.
Começar por algum lado: Começar por alterar um pouco a rotina não quer dizer que comecemos a fazer coisas que não nos sentimos confortáveis, mantendo alguma resistência. Porém, devemos estar conscientes, para fazer uma mudança vamos ter de fazer esforços e investir alguma energia e tempo. Pensar na rotina como ela está montada e perceber o que se pode fazer de diferente, tem de ter algum impacto e contribuir para nos sentirmos bem. Não estamos á espera que na primeira tentativa o efeito seja muito prolongado, mas é importante começar por algum lado. Outro aspeto a ter em conta é: o que funciona com uma pessoa, pode não funcionar com outra. Cada pessoa tem os seus próprios interesses, gostos e motivação específica.
Não desistir ao primeiro obstáculo: Sabemos que há pessoas que lidam melhor com dificuldades do que outras. Quando estamos numa fase cinzenta da nossa vida é natural que a sensação seja, vamos falhar ou não vamos conseguir que dê certo. Os obstáculos vão surgir. Alguns, vamos conseguir superar com rapidez e segurança, outros, pela sua própria complexidade vão exigir da nossa parte maior investimento e dedicação para os superar. Podem existir obstáculos que nesta fase parecem incompatíveis com a nossa realidade. Neste caso, podemos deixar o processo em standby até que nos sentimos mais confiantes para voltar a tentar. Deixar em standby não significa nunca mais tentar, é apenas para dar algum tempo para nos podermos organizar e preparar da melhor maneira possível.
Ter estratégias diferentes: Nem todas as estratégias resultam e nem todas são totalmente eficazes. Quando queremos mudar algum comportamento, rotina, atitude podemos começar com aquela que à partida nos dá mais segurança e garantia de sucesso. No entanto, pode ser necessário ter um plano B, plano C, plano D… Aqui o que está em causa não é quanto planos se tem. Deve ter-se os planos que sejam efetivamente necessários, desde que eles nos façam ficar cada vez mais próximo do objetivo que queremos alcançar.
Fasear metas: A nossa tendência é querer traçar um único plano eficaz. Tal como é importante ter vários planos para atingir um objetivo a ideia é fasear, ou seja, dividir em pequenos mini planos para atingir um plano/meta maior.
Ter novas experiências ou retomar algumas anteriores: Quando falava na importância em mudar um pouco a rotina, pode ser interessante retomar algumas coisas que em tempo passado nos fizeram sentir gratificante, voltar a estudar, participar em ações culturais, fazer voluntariado, criar um projeto de raiz ligada à sua área profissional ou sair da zona de conforto procurando outros interesses e gostos.
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