Enquanto lia um best seller sobre gestão diária com várias técnicas de aplicação em médias e grandes empresas deparei-me com a expressão “Técnica do Advogado do Diabo”. Algo que me suou estranhamente interessante, captando de imediato a minha atenção – a associação entre “Técnica” com este conceito muito usado em senso comum de “Advogado do Diabo”. Parei um pouco para absorver melhor a ideia e dei por mim a fazer uma pesquisa mais alargada do tema.
Ora, a ideia do Advogado do Diabo é bastante conhecida e aplica-se a quando um alguém tenta defender outrem que por norma, moralmente, não tem razão, mas mesmo assim existe o recurso à argumentação. Fiquei no entanto a compreender que esta Técnica é bastante aplicada na área do empreendedorismo. Mas como com qualquer outra técnica, há técnicas que podem ser ajustadas a outros contextos e foi ai que decidi escrever este artigo.
A Técnica do Advogado do Diabo pode ser muito útil se deseja ter sucesso com alguma ideia nova e não sabe, se deve ou não atirar-se de cabeça nessa nova aventura. Consiste sobretudo, numa coisa muito simples que é juntar um conjunto de pessoas que em principio terão um ideias diversificadas das suas e coloca-las juntas de maneira a poder desconstruir a sua ideia. Uma espécie de brainstorming mas ao contrário, mantendo a ideia de que se algo pudesse correr mal com a sua ideia ou ação o que poderia ser.
Por esta altura o leitor já se lembrou de juntar os seus amigos para aplicar esta ideia..no entanto desengane-se, esta técnica não resulta com pessoas nossas amigas, pois com a ideia de grupo tende a fechar-se. Isto é, quando existe uma ideia de grupo, mesmo que existam elementos que discordem, dificilmente se vão expor e a ideia inicial que é apoiada por mais partes em principio será a que sairá vencedora. Na área laboral poderá ter bastantes ganhos se conseguirmos juntar muitas pessoas com visões diferentes, experiências diversificadas, com olhares e formações distintas.
“O advogado do diabo parte do pressuposto que nada está bom, nada está funcionando bem, nada pode ser assumido como garantia de sucesso” Hashiomto, M. (2013)
Se conseguirmos defender bem a nossa ideia é sinal que ela terá pernas e critérios para ter sucesso. Ou seja a ideia é, identificar os defeitos e dificuldades antes que os outros os detectem! Portanto, da próxima vez que o desafiarem com perguntas sobre uma ideia sua, não se defenda mas sim, argumente e faça mais perguntas de forma a explorar e perceber o que pode melhorar e que possa, verdadeiramente contribuir para a sua ideia inicial. A nossa maior tendência é fecharmos-nos quando as pessoas começam a colocar várias questões isso deixa-nos pouco seguros, ativando assim o nosso modo mais defensivo e pouco criativo de atuar.
Permite “validar aquela que já existe, questionando-a, criticando-a, colocando-a em situações de conflito, levantando objeções e duvidando de sua viabilidade” Hashimoto, M. (2013).
Uma coisa é sabida, não conseguimos ser capazes de manter a nossa atenção por muito tempo e com a mesma qualidade. O cérebro perde muito quando começamos a navegar por uma visão em túnel, que não nos permite obter outros pontos de vista. Certamente, em alguns momentos da vossa vida puderem perceber, se tivessem tomado atenção a outros factos e a mais pormenores, poderiam ter evitado grandes catástrofes mentais!
Assim sendo, convide um conjunto de bons Advogados do Diabo para a sua mesa e sirva-se das suas questões para melhorar as suas ideias, que podem ir de mudanças pessoais internas como pensamentos e sentimentos sobre algo ou até mesmo, uma ideia nova de produto para a sua empresa.
FC