Quando uma relação termina abruptamente, quando somos magoados por alguém que amamos, o nosso instinto é procurar respostas — e, muitas vezes, querer mudar o outro. É natural querermos compreender, resolver, dar sentido à dor.
Tentamos argumentar, justificar, insistir. Colocamos energia em mensagens que não são respondidas, em discussões que se repetem, em cenários que só existem na nossa mente. Essa energia está a ser desperdiçada. Porque, na realidade, não controlamos os outros. Só podemos controlar uma única coisa: A escolha que fazemos.
Soltar essa necessidade de controlo é um dos atos mais difíceis — e mais libertadores — que podemos praticar.
Importa aqui fazer uma distinção essencial: Não significa que a nossa dor deixa de importar ou que desculpamos o que não tem desculpa.
Significa apenas que deixamos de alimentar expectativas em relação a alguém que, por escolha ou incapacidade, não está disposto a corresponder.
Significa reconhecer: “isto não depende de mim”. E nesse reconhecimento, abrimos espaço para a cura.
A Dor é Válida, mas Não Precisa Limitar o Teu Presente
A dor que sentes é legítima. Não estás a exagerar.
Talvez tenhas sido deixado(a) sem explicação, traído(a), ignorado(a), diminuído(a). Talvez tenhas tentado todas as formas de te fazer entender — e mesmo assim, sentiste-te invisível. Sim, isso dói. E não é justo.
Mas enquanto permaneces no lugar de espera — à espera do pedido de desculpa que não vem, do reconhecimento que nunca chega — És refém do passado.

Fechar ciclos exige coragem. Se queres, finalmente, assumir o protagonismo da tua própria história — e deixar de viver à espera que o outro mude o rumo da narrativa, eis algumas dicas por onde deves começar:
Nomeia o que sentes. A raiva, a tristeza, a mágoa — todas têm lugar. O journaling (escrita terapêutica) pode ser uma boa aliada neste processo.
Aceita a realidade tal como é. Isso não significa concordar, mas sim deixar de lutar contra o que já aconteceu e não podes mudar (faz parte do passado).
Define os teus limites. O término também passa por saberes o que não estás mais disponível para permitir.
Procura apoio. Procura amigos que te conheçam bem e partilha com eles o que estás a sentir. Fala com um(a) psicólogo(a) para te ajudar a integrar emocionalmente a experiência e a fortalecer os teus recursos internos.
Reinveste em ti. Gasta mais energia contigo mesmo. Dá vida — aos teus projetos, relações saudáveis, autocuidado e bem-estar.
O Fim não é um ponto final que alguém escreve por ti. É uma escolha consciente de colocar um ponto, respirar fundo e decidir que mereces paz.
Talvez essa pessoa nunca peça desculpa. Talvez nunca entenda o impacto que teve em ti. Mas tu podes, ainda assim, escolher a leveza de seguir em frente. Essa escolha é tua. Esse é o teu poder. E esse é o teu recomeço.
Na minha experiência enquanto psicóloga, passam muitas histórias diferentes de pessoas e contextos diferentes, mas uma coisa as une. Essa “coisa” é a necessidade emergente de soltarem o peso que sentem aos ombros.





