Quando uma criança aprende a andar de bicicleta, muitas vezes começa com rodinhas de apoio. Estas pequenas rodas laterais oferecem segurança e ajudam-na a ganhar equilíbrio antes de finalmente pedalar sozinha. No início, há receio. Depois, com o tempo e a prática, a confiança cresce. Até que chega o momento de retirar as rodinhas. O momento em que a criança percebe que já consegue seguir em frente sem esse suporte extra.

Quando uma criança aprende a andar de bicicleta, muitas vezes começa com rodinhas de apoio. Na terapia o processo não é muito diferente.

Durante a terapia, o psicólogo é como essas rodinhas de apoio – um suporte seguro, que ajuda a pessoa a encontrar o seu equilíbrio emocional, a fortalecer a sua confiança e a desenvolver ferramentas para lidar com os desafios do dia a dia. No início, há incerteza, fragilidade e, muitas vezes, o medo de cair. Mas com o tempo, a pessoa vai percebendo que é capaz, que tem dentro de si os recursos necessários para enfrentar o mundo de forma mais autónoma.

Recentemente, finalizei o acompanhamento com um cliente que fez exatamente esta comparação. Disse-me que sentia que a terapia foi como aprender a andar de bicicleta com rodinhas. E que agora, ao terminar o processo, era como se essas rodinhas tivessem sido retiradas, mas com a certeza de que sabia pedalar sozinho. Fiquei profundamente emocionada com esta reflexão, porque demonstrou não só a gratidão dele pelo caminho percorrido, mas também a confiança que ganhou em si mesmo.

Para muitas pessoas, o fim da terapia pode ser vivido com um misto de emoções: gratidão, entusiasmo, mas também algum receio. Afinal, após um período de acompanhamento, de partilha e construção, chega a hora de seguir em frente sem aquele suporte regular. Mas tal como a criança que aprende a andar sem rodinhas, a pessoa sai da terapia com mais equilíbrio, mais força e a certeza de que, mesmo que enfrente desafios pelo caminho, já tem dentro de si os recursos para lidar com eles.

A terapia não é sobre criar dependência, mas sim sobre promover autonomia. É sobre ajudar cada pessoa a encontrar a sua própria força e a confiar no seu caminho. E, enquanto psicóloga, ver esse crescimento e transformação é uma das maiores recompensas que posso ter.

Se alguma vez sentiste que precisavas dessas “rodinhas de apoio” na tua vida, não tenhas receio de pedir ajuda. E quando chegar o momento de seguir em frente sem elas, lembra-te: tu és capaz. Essa autonomia conquistada é um sinal do teu próprio crescimento.

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