Como psicóloga, entendo profundamente a complexidade do processo de crescimento pessoal. Muitas vezes, para nos tornarmos versões mais autênticas, é crucial aprender a deixar ir o que não contribui para o nosso desenvolvimento. O primeiro de todos os passos é, Aceitar.
Aceitação
Antes de começarmos a libertar, seja o que for, precisamos aceitar. Não há outra fórmula possível. Aceitar não é, obviamente, concordar com tudo o que nos acontece, mas é reconhecer a realidade e permitir-nos sentir as emoções associadas a esta. Aprender a aceitar é um ponto básico no processo terapêutico, por isso, nas minhas sessões encorajo à reflexão profunda sobre as experiências, sejam elas passadas ou presentes, de modo que seja possível aceitar como parte do caminho que nos trouxe até aqui.
Muitas vezes estamos a sentir tantas coisas ao mesmo tempo, que se torna difícil definir uma emoção em concreto. Quando assim é, não se preocupe. Podemos sentir em simultâneo raiva e tristeza, podemos sentir dor e alívio ao mesmo tempo e, está tudo bem.
As emoções negativas que carregamos do passado, contribui para níveis elevados de stress e ansiedade. Por isso, é tão importante libertar a carga emocional que nos mantém presos a experiências passadas, proporcionando assim um alívio emocional. Só com esse alívio, começam a ser criadas condições para abrir portas para um novo lugar.
Exemplo: Reflita sobre as experiências passadas que ainda causam desconforto. Identifique emoções associadas a essas experiências, como raiva, ressentimento ou tristeza.

Expetativas Irreais e Autocríticas Constantes
Não, não é fácil admitir que as pessoas que gostamos, por vezes, são também as pessoas que nos magoam, nos pressionam com expetativas irreais e autocríticas constantes. Seja um amigo negativo, um relacionamento amoroso prejudicial ou até mesmo, ter laços familiares disfuncionais. As relações tóxicas são grandes obstáculos ao nosso crescimento emocional.
É vital identificar e avaliar o impacto destas relações na nossa vida. A libertação muitas vezes começa com a distância emocional, permitindo desta forma fortalecer a autoestima e promover um ambiente interno mais saudável e positivo.
Deixar Ir
Apegar-se demasiado a ideias, pessoas, objetos, rotinas ou situações, pode criar um peso emocional que o impede de progredir. Quando falo em progredir, estou sobretudo a pensar na mudança, seja ela qual for. Se, por exemplo, estou muito apegada aos meus colegas de trabalho, mas não me sinto feliz nas tarefas que desempenho, esse fator – colegas, pode ter um efeito de apego difícil de deixar ir.
O desapego não é o mesmo que indiferença. É a capacidade de soltar, deixar ir sem permitir que isso nos afete negativamente. Sem sentirmos remorsos, sem sentirmos que estamos a desapontar alguém. A prática do desapego consciente, pode ser importante para aliviar a carga emocional, isto quer dizer que: devemos compreender que quando algo não nos acrescenta valor, também não faz falta. Ter consciência disso é de extrema importância se queremos estar em harmonia, entre os pensamentos e as ações que praticamos.
Exemplo: Observe como carregar emoções negativas impacta o seu stress diário. Esteja atento a sintomas físicos ou mentais que podem estar relacionados a esse fardo emocional.
Criar Espaço para o Novo
Aprender a deixar ir está intrinsecamente ligado ao autocuidado. A psicologia ensina-nos que cuidar de nós é essencial para o nosso bem-estar emocional. Priorizar o sono, a alimentação saudável e atividades que nos trazem alegria, são passos fundamentais para criar espaço para o novo ao libertar o antigo.
Resiliência Emocional
Vários estudos demostram que as pessoas com maior capacidade para se libertarem de pensamentos associados a situações negativas, revelam maior capacidade de resiliência emocional. Esta capacidade é fundamental para lidar com as adversidades da vida de forma saudável, promovendo uma mente mais equilibrada.
Lembre-se, o processo de deixar ir é contínuo e único para cada pessoa. Acredito que o caminho para nos sentirmos melhor, começa quando aceitamos que há coisas, pessoas, contextos que precisamos deixar ir pois, já não nos acrescentam valor. Talvez a dor, o sofrimento, a frustração e, principalmente, o medo possam fazer parte dessa caminhada. Permitamo-nos soltar as âncoras do passado e abraçar um futuro mais leve.





