O ser humano é um ser social por excelência que carece de relações com outros seres, sejam eles, de carater humano ou animal. Para que as relações se deem é necessário interagir, e mais importante, criar uma conexão. Na base dessa conexão estão as emoções.
As emoções são, no seu sentido mais lato, o conjunto de respostas químicas e neuronais que acontecem quando o cérebro recebe um estímulo. Essa resposta, é no fundo uma forma de expressão. Uma emoção como a alegria espelha uma reação positiva, já a tristeza por exemplo, representa o lado menos positivo dessa reação.
Uma relação saudável (seja de que tipo for) é uma relação onde existe equilíbrio entre as partes, onde é permitido que o património interno (o que eu sou) consiga coexistir com as vivências externas (meio envolvente) e com o património interno de outra pessoa (o que ela é). Isto quer dizer que para que uma relação funcione saudavelmente, é necessária uma autonomia emocional, onde cada um sabe até onde pode ir, reconhecendo e respeitando os seus limites e os limites da outra pessoa, tendo a capacidade para decidir consoante a sua vontade.
Quando sentimos dificuldade em tomar decisões numa relação, é possível que exista uma dependência emocional relativamente à outra pessoa. O mesmo pode acontecer no contexto profissional. Isto, quer dizer, que saber lidar com as emoções de modo a sentir segurança nas decisões que tomamos, tem uma forte influência no desenvolvimento pessoal. As pessoas que se sentem bem com o seu interior vão mais longe dentro de si mesmas, porque são capazes de reconhecer o seu potencial.

A autonomia emocional numa relação, na verdade, não é nada mais do que a capacidade de sermos quem somos, de forma livre, sem que estejamos reféns ou dependentes do julgamento da outra pessoa. Um ser livre numa relação, é aquele que acima de tudo aceita e respeita a sua individualidade e consegue conectar-se com o outro sem que para tal, seja necessário recorrer à manipulação, à ameaça ou à chantagem emocional. E sobretudo, sem a necessidade de se anular perante o outro.
Para existir um verdadeiro sentido de bem-estar e equilíbrio nas relações, não deve existir uma necessidade descontrolada sobre o outro. A questão aqui não é o fato da pessoa sentir vontade em estar com outra, mas sim, quando essa necessidade afeta o seu próprio equilíbrio, ao ponto da pessoa não ser capaz de viver a sua rotina normal, sem que esta pessoa esteja constantemente presente.
É preciso respeitar o tempo para estarmos juntos e o tempo para estarmos com nós próprios.
A autonomia emocional é sem dúvida uma componente do desenvolvimento pessoal. Esta autonomia, permite a capacidade para tomar decisões de acordo com a própria vontade, sem que seja refém da outra ou das outras pessoas. Muitas vezes as pressões exercidas pelos outros (que podem ser amigos próximos, familiares ou colegas de trabalho) podem ser muito difíceis de gerir e até causar algum mal-estar, se não se respeitar a individualidade de cada um.
Dicas para desenvolver a Autonomia Emocional:
1 – O nosso espaço é algo para valorizar. Dedicar tempo a si, aproveitando para se conhecer melhor. O autoconhecimento ajuda a compreender como produzimos os pensamos e comportamentos. E sobretudo, como reagimos a determinadas situações.
2 – Trabalhar a capacidade de adaptação a situações inesperadas. Aprender a ser flexível em reposta a determinados eventos de vida, ajuda-nos a desenvolver a resiliência.
3 – Manter uma atitude positiva mesmo em situações de stress, contribui para o equilíbrio das emoções.
4 – Perante um obstáculo que precise ser ultrapassado, focar-se na solução e não no problema. Muitas vezes perdemos demasiada energia (e tempo…) para descobrir o porquê, invés de concentrarmos a atenção para a solução.
5 – Manter as relações sociais próximas, de modo a preservar a relação com os amigos e familiares que transmitem uma sensação de conforto, confiança e bem-estar sempre que estamos com eles.
6 – Aceitar gostar (ainda mais) de si. Quem tem uma autoestima elevada, acredita nas suas capacidades e sente confiança em si sem precisar que os outros o confirmem.
Ao reconhecer, aceitar e saber lidar com as emoções e, por outro lado, saber reconhecer e aceitar os seus próprios limites, são fatores que contribuem para relações saudáveis onde o equilíbrio é a base da felicidade.
A publicação original deste meu artigo, foi na edição nr.125 da Revista Progredir, em junho de 2022. Para ver na sua versão original .
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